Vídeo em que secretário de Saúde da Bahia libera uso de cloroquina é de abril, não atual

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Posts no Facebook distorcem o contexto de um vídeo divulgado em abril no qual o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, anuncia que o estado passou a permitir o uso de cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 (veja aqui). A gravação é verdadeira, mas as publicações na rede social dizem que o anúncio foi feito só depois que “milhares de pessoas morreram”, o que não procede.

Apesar de o governo da Bahia permitir o uso da cloroquina no tratamento de pessoas com Covid-19 e fornecer o medicamento, a Secretaria Estadual de Saúde não recomenda o uso do remédio, já que não há comprovação científica de sua eficácia contra a doença.

Os posts com a informação distorcida somam 1.000 compartilhamentos no Facebook e foram marcados com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona). Esta classificação é usada quando uma informação verdadeira é tirada de contexto com o objetivo de induzir uma interpretação errada sobre um fato.


DISTORCIDO

Depois que Milhares de Pessoas Morreram para justificar investimentos, Governador da Bahia Rui Costa (PT) e o Secretário de Saúde Fábio Vilas Boas Liberam a Hidroxicloroquina.

Um vídeo no qual o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, anuncia a autorização do uso da cloroquina no tratamento de pacientes de Covid-19 no estado foi tirado de contexto em posts no Facebook para dar a entender que a medida é recente. O vídeo foi divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde em 8 de abril.

Um destes posts, publicado na noite de quinta-feira (13), diz que Vilas-Boas e o governador Rui Costa (PT) liberaram a cloroquina “depois que milhares de pessoas morreram”. Até o dia 8 de abril, quando o vídeo de Vilas-Boas foi publicado, o estado havia registrado 18 mortes por Covid-19, segundo dados do próprio governo baiano.

O estado ultrapassou o primeiro milhar de vítimas fatais da Covid-19 no dia 11 de junho, dois meses após a publicação do vídeo. Até a tarde desta sexta-feira (14), o total de óbitos pela doença na Bahia já havia chegado a 4.246, de acordo com a Secretaria de Saúde.

Em maio, a Secretaria Estadual de Saúde atualizou a nota técnica 41, na qual chegou a recomendar o uso da hidroxicloroquina para pacientes de Covid-19.

No entanto, esta recomendação foi revogada em 21 de julho. Na nota técnica 77, o governo baiano diz que não recomenda o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina “para tratamento ou prevenção da Covid-19 em qualquer contexto que não seja de um estudo de ensaio clínico”.

Na nota técnica 76, também publicada em 21 de julho, as autoridades estaduais dizem que não recomendam o uso de nenhum medicamento contra a Covid-19, e embasam a orientação nas manifestações da Opas (Organização Pan-americana de Saúde), da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O mesmo documento diz ainda que “essa recomendação de não uso inclui, com maior ênfase, medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.”

Apesar disso, o governo afirma que “continuará fornecendo tais medicações para os municípios e/ou unidades de saúde da Bahia, para o uso autorizado e recomendado pelas autoridades sanitárias competentes”.

Também em julho, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que a Bahia “estava com decreto proibindo” o uso da cloroquina por pacientes de Covid-19, o que nunca aconteceu.

Referências:

1. Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (1, 2, 3, 4, 5, 6)
2. G1
3. Aos Fatos


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

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