Não é verdade que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) gravou um vídeo pedindo doações para crianças israelenses vítimas do conflito com o Irã. O registro compartilhado pelas peças de desinformação foi gerado por IA (inteligência artificial) para aplicar um golpe financeiro.
As peças enganosas somavam centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (3).
Quem se cala diante da dor dos inocentes… um dia clamará e não será ouvido. Todos por Israel. Ai daqueles que podem ajudar e não ajudam!

Para roubar dinheiro de usuários, golpistas têm compartilhado nas redes um vídeo gerado por inteligência artificial em que Nikolas Ferreira pede doações para crianças israelenses.
Por meio de busca reversa, Aos Fatos identificou que o registro adulterado pelos criminosos foi publicado originalmente por Ferreira em novembro de 2024. Nele, o deputado falava sobre a tentativa de parlamentares de esquerda de emplacar na Câmara uma proposta que daria fim à escala de trabalho 6x1.
Na versão manipulada do vídeo, golpistas substituem a voz de Ferreira por outra semelhante, que não está sincronizada com os movimentos da boca do parlamentar. Há também outros elementos enganosos na gravação, como o uso de imagens de crianças palestinas como se fossem supostas vítimas do conflito israelense com o Irã.

Os registros foram publicados por páginas do Facebook que simulam institutos de assistência social e são acompanhados de um link que leva os usuários a uma página falsa de arrecadação de doações (veja acima). Além de falsificarem a identidade da plataforma Vakinha, os golpistas também se passam pela organização humanitária Cruz Vermelha.
O caminho da apuração
A reportagem iniciou a verificação com uma busca reversa de vídeo, o que permitiu localizar o conteúdo original publicado pelo deputado Nikolas Ferreira em novembro de 2024. Em seguida, foi feito um comparativo entre os dois vídeos para identificar indícios de manipulação, como a substituição da voz original por uma simulação não sincronizada com os movimentos labiais do parlamentar.
Para investigar a página de arrecadação que circula junto às peças, a equipe acessou o link compartilhado e constatou que ele levava a um site falso que imitava a plataforma Vakinha. Por fim, foram cruzadas informações com registros oficiais e fontes públicas para confirmar a inexistência da campanha.