🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo em que ministro de Israel defende isolar apenas idosos é anterior às restrições no país

Por Luiz Fernando Menezes

27 de março de 2020, 17h50

Uma fala do ministro da Defesa de Israel, Naftali Bennett, publicada em vídeo no dia 20 de março vem sendo difundida nas redes sociais para defender que apenas os idosos devem ficar em isolamento durante a pandemia do novo coronavírus. Compartilhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e por perfis favoráveis ao governo, o vídeo é real, mas datado: um dia após sua publicação, Israel adotou medidas de distanciamento social para pessoas de todas as idades para conter a Covid-19. Além disso, o próprio ministro, no dia 24, gravou um novo pronunciamento defendendo o “isolamento social massivo”.

A publicação do deputado federal já foi visualizada por mais de 41 mil pessoas. Nas redes sociais, como Twitter e Facebook, va desinformação já angariou mais de 10 mil compartilhamentos. Todas as publicações foram marcadas com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação desta última plataforma (saiba como funciona).


DISTORCIDO

Ministro da Defesa de Israel ensina a mais importante medida contra o coronavírus!

Um pronunciamento do ministro da Defesa de Israel, Naftali Bennett, gravado antes de o país adotar medidas de isolamento social vem sendo compartilhado por bolsonaristas para defender o afrouxamento das quarentenas no Brasil. No vídeo, publicado no dia 20 de março, ele diz que o mais importante para conter a crise da Covid-19 é que jovens e idosos não convivam. No entanto, publicações que difundiram o material omitem que o próprio ministro se corrigiu quatro dias depois, em vídeo publicado na sua conta oficial, e defendeu o distanciamento para todos.

“Quero compartilhar com vocês o plano nacional para lidar com o coronavírus. Nesse momento, em Israel e em outros muitos países, não sabemos exatamente qual a extensão da infecção (...). Por isso, a primeira coisa que estamos fazendo nesse momento é o isolamento social massivo de maneira a ganhar algumas semanas. A maioria dos negócios estão fechando ou operando de maneira menor”, afirmou, na gravação mais recente.

Sua mudança de posicionamento pode ser explicada pelas ações do próprio governo israelense. O primeiro "regulamento de emergência" para combater a pandemia foi apresentado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no dia 19 de março e passou a ter efeito a partir do dia 21, um dia após a publicação do primeiro vídeo de Bennet. Esse documento já previa restrições de locomoção para pessoas de todas as idades.

No dia 25, o governo israelense aprovou regras adicionais de emergência que devem perdurar até abril e restringem ainda mais a circulação – estabelecem, por exemplo, o fechamento de estabelecimentos comerciais, a redução do transporte público e o pagamento de multa para quem não seguir as determinações. Veja abaixo, em inglês, um resumo das medidas:

O caminho da desinformação. O vídeo descontextualizado vem sendo compartilhado nas redes desde que o presidente Bolsonaro defendeu em rede nacional o fim do isolamento social no Brasil, na última quarta-feira (24). Apoiadores da ideia, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), passaram a difundir a fala de Bennett para sugerir que Israel não estaria adotando a quarentena geral, mas apenas o isolamento de idosos.

Várias dessas publicações enganosas são acompanhadas de uma mensagem, já checada por Aos Fatos na última quinta-feira (26), que sugere que Israel estaria conseguindo controlar o surto sem afetar a locomoção dos mais jovens, a economia e o sistema de saúde. Nada disso, no entanto, é verdade.

Outro lado. Aos Fatos tentou entrar em contato com o gabinete de Eduardo Bolsonaro via telefone para apontar a distorção de sua publicação, mas não obteve retorno. A redação, portanto, enviou um email para a assessoria do parlamentar às 15h50 desta sexta-feira (27), mas, até a publicação desta checagem, Eduardo não havia respondido.

Referências:

1. Canal de Naftali Bennett (Fontes 1 e 2)
2. Times of Israel
3. Ministério das Relações Exteriores de Israel
4. Ministério da Saúde de Israel
5. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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