🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo do Greenpeace é editado para sustentar que ONG negou ajuda ao Nordeste

Por Luiz Fernando Menezes

23 de outubro de 2019, 16h44

Uma versão editada de um vídeo do Greenpeace circula nas redes sociais para acusar a organização ambiental de ter se recusado a ajuda na limpeza do óleo nas praias do Nordeste (veja aqui). Na gravação completa, o porta-voz da ONG tira dúvidas sobre as manchas de óleos e, diferentemente do que induz a versão editada, confirma a atuação de seus voluntários na limpeza de regiões afetadas.

O material enganoso usa apenas 20 segundos de um vídeo de três minutos e foi amplificado nas redes sociais pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Compartilhado por sites e perfis pessoais, o vídeo editado tem mais de 6.000 compartilhamentos no Facebook. Todas essas postagens foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Greenpeace nega ajuda ao Nordeste e posta vídeo dando desculpa esfarrapada.

Sites e publicações nas redes sociais têm reproduzido um tweet do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com um vídeo editado no qual o porta-voz do Greenpeace Brasil, Thiago Almeida, responde à pergunta “Por que o Greenpeace não está nos locais [atingidos pelo óleo no Nordeste] ajudando na limpeza?”.

Em sua publicação, Salles ironiza a ONG que, segundo ele, não quis ajudar a limpar as praias. No entanto, na versão original do vídeo, de cerca de três minutos, Almeida relata o trabalho de voluntários da ONG junto a instituições governamentais na remoção das manchas de óleo.

O vídeo original foi publicado pelo Greenpeace no Twitter no último dia 18. Nele, Almeida, responde a dúvidas sobre o derramamento de petróleo no Nordeste e, questionado sobre por que o Greenpeace não está ajudando na limpeza, ele afirma que o trabalho de combate às manchas de petróleo exige equipamentos e conhecimentos técnicos específicos e deve ser feito por instituições especializadas.

Logo na sequência, o porta-voz conta que a ONG está, sim, prestando ajuda às regiões afetadas. “Nossos voluntários vêm trabalhando há algumas semanas já junto a instituições e órgãos competentes no combate às manchas de petróleo em si. Os nossos grupos de voluntários do Maranhão e do Ceará também visitaram os locais impactados, conversaram com a população, colheram depoimentos, fizeram imagens, justamente para documentar tudo aquilo que está sendo afetado, do meio ambiente às pessoas, à economia das regiões”, afirma.

Tal trecho, no entanto, foi excluído da publicação de Salles e das que reproduzem o comentário do ministro junto ao vídeo manipulado.

Além do vídeo completo conter informações sobre as ações do Greenpeace no Nordeste, a organização respondeu ao ministro, dizendo que ele “mente e espalha falácias sobre a atuação de ONGs”. O perfil da ONG no Twitter também mostrou fotos de voluntários que se mobilizaram para ajudar na limpeza:

Outro lado. No dia 22 de outubro, Aos Fatos entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente e com o Notícias Brasil Online, que ajudou a espalhar a desinformação, para que pudessem comentar a checagem. O editor do site disse que verificou o vídeo original e constatou que, de fato, a ONG está ajudando na limpeza. Após o contato do Aos Fatos, o texto foi corrigido. O ministério, no entanto, não respondeu até a publicação deste texto.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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