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Vídeo do Greenpeace é editado para sustentar que ONG negou ajuda ao Nordeste
Uma versão editada de um vídeo do Greenpeace circula nas redes sociais para acusar a organização ambiental de ter se recusado a ajuda na limpeza do óleo nas praias do Nordeste (veja aqui). Na gravação completa, o porta-voz da ONG tira dúvidas sobre as manchas de óleos e, diferentemente do que induz a versão editada, confirma a atuação de seus voluntários na limpeza de regiões afetadas.
O material enganoso usa apenas 20 segundos de um vídeo de três minutos e foi amplificado nas redes sociais pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Compartilhado por sites e perfis pessoais, o vídeo editado tem mais de 6.000 compartilhamentos no Facebook. Todas essas postagens foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).
Greenpeace nega ajuda ao Nordeste e posta vídeo dando desculpa esfarrapada.
Sites e publicações nas redes sociais têm reproduzido um tweet do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com um vídeo editado no qual o porta-voz do Greenpeace Brasil, Thiago Almeida, responde à pergunta “Por que o Greenpeace não está nos locais [atingidos pelo óleo no Nordeste] ajudando na limpeza?”.
Em sua publicação, Salles ironiza a ONG que, segundo ele, não quis ajudar a limpar as praias. No entanto, na versão original do vídeo, de cerca de três minutos, Almeida relata o trabalho de voluntários da ONG junto a instituições governamentais na remoção das manchas de óleo.
O vídeo original foi publicado pelo Greenpeace no Twitter no último dia 18. Nele, Almeida, responde a dúvidas sobre o derramamento de petróleo no Nordeste e, questionado sobre por que o Greenpeace não está ajudando na limpeza, ele afirma que o trabalho de combate às manchas de petróleo exige equipamentos e conhecimentos técnicos específicos e deve ser feito por instituições especializadas.
Logo na sequência, o porta-voz conta que a ONG está, sim, prestando ajuda às regiões afetadas. “Nossos voluntários vêm trabalhando há algumas semanas já junto a instituições e órgãos competentes no combate às manchas de petróleo em si. Os nossos grupos de voluntários do Maranhão e do Ceará também visitaram os locais impactados, conversaram com a população, colheram depoimentos, fizeram imagens, justamente para documentar tudo aquilo que está sendo afetado, do meio ambiente às pessoas, à economia das regiões”, afirma.
Tal trecho, no entanto, foi excluído da publicação de Salles e das que reproduzem o comentário do ministro junto ao vídeo manipulado.
Além do vídeo completo conter informações sobre as ações do Greenpeace no Nordeste, a organização respondeu ao ministro, dizendo que ele “mente e espalha falácias sobre a atuação de ONGs”. O perfil da ONG no Twitter também mostrou fotos de voluntários que se mobilizaram para ajudar na limpeza:
Outro lado. No dia 22 de outubro, Aos Fatos entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente e com o Notícias Brasil Online, que ajudou a espalhar a desinformação, para que pudessem comentar a checagem. O editor do site disse que verificou o vídeo original e constatou que, de fato, a ONG está ajudando na limpeza. Após o contato do Aos Fatos, o texto foi corrigido. O ministério, no entanto, não respondeu até a publicação deste texto.