Um vídeo de uma multidão caminhando na rua tem sido difundido nas redes sociais (veja aqui) como se fosse de um protesto de policiais militares na Bahia contra o governo do estado após a morte do cabo Wesley Soares Goés no último domingo (28). As imagens, porém, são de uma marcha de torcedores do Corinthians ocorrida em 2015.
As publicações que difundem o conteúdo enganoso acumulavam ao menos 1.500 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (29) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona). O vídeo também vem sendo compartilhado no WhatsApp, mas, devido à natureza do aplicativo, não é possível estimar seu alcance.
Políciais da BAHIA se levantaram contra o governador petista
Posts nas redes sociais têm difundido um vídeo de torcedores do Corinthians filmado em 6 de setembro de 2015 como se fosse uma manifestação de policiais militares na Bahia contra o governo do estado e motivada pela morte de um agente que abriu fogo contra colegas em Salvador na tarde de domingo (28). Por meio de uma busca reversa de imagens, o Aos Fatos encontrou a mesma versão do vídeo publicada há mais de cinco anos, além de um outro registro a partir de um ângulo diferente, no YouTube (veja abaixo).
Naquele dia houve uma partida entre o Corinthians e o Palmeiras pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo aconteceu na arena Allianz Parque, e as imagens mostram milhares de torcedores corintianos indo ao estádio sede do Palmeiras.
Ainda segundo as peças de desinformação, a polícia militar da Bahia teria "se levantado" contra o governo do estado. Algumas versões dizem ainda, que a marcha seguia em direção ao governador Rui Costa (PT). A manifestação que ocorreu na manhã desta segunda-feira (29) em Salvador, porém, reuniu um pequeno grupo na região do Farol da Barra para pedir justiça pela morte do policial, como é possível ver em registros da imprensa. Alguns manifestantes escreveram o nome do PM no chão do local e alegaram ter havido uma execução.
O policial foi morto no domingo após atirar contra colegas da corporação. Segundo a Secretaria de Segurança da Bahia, ele teria tido um surto e efetuou os disparos após mais de três horas de negociação. Nesta segunda-feira, o comandante-geral da PM-BA, Paulo Coutinho, confirmou a versão da SSP. "Aparentando um quadro de surto psicótico e, por volta das 14h, começou a atirar com um fuzil, primeiramente para o alto e, no final da tarde, contra a própria tropa da Polícia Militar presente no local, colocando em risco também a vida dos moradores da região", disse.
Informações falsas. Após a morte do policial passaram a ser difundidas peças de desinformação que sugerem que ele teria sido morto sem qualquer negociação quando protestava contra ordens de restrição implementadas pelo governo local para tentar conter a pandemia de Covid-19. Em checagem anterior, o Aos Fatos verificou publicações que tentam associar a morte do policial militar a um suposto "ato heróico" contra as medidas, o que não é verdade.