Um trecho de um comentário em vídeo do jornalista Josias de Souza ao UOL tem circulado sem o devido contexto em postagens nas redes sociais e faz crer que ele endossou a existência de fraudes nas urnas eletrônicas, o que não é verdade (veja aqui). Na gravação completa, é possível perceber que Souza apenas exemplifica narrativas enganosas que circulam entre bolsonaristas no WhatsApp e critica esse tipo de desinformação política.
O trecho fora de contexto do vídeo surgiu originalmente no Helo, mas já reúne atualmente ao menos 27 mil curtidas e 11 mil compartilhamentos no TikTok.
Há um Brasil Paralelo nos fundões do WhatsApp
Publicações nas redes sociais tiram de contexto um comentário do colunista do UOL Josias de Souza para dar a entender que ele concorda que pesquisas eleitorais são fraudadas e que há um plano para impugnar a chapa do presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL).
No vídeo completo, que foi ao ar no UOL Notícias, no YouTube, em 25 de agosto, é possível conferir que ele critica correntes disseminadas em grupos bolsonaristas no WhatsApp com notícias falsas sobre eleições e mensagens de convocação para o 7 de Setembro, movimento revelado em reportagem da Folha de S.Paulo publicada no mesmo dia.
O vídeo desinformativo compartilha o trecho em que Josias de Souza afirma:
“Essa notícia que a Folha traz hoje é de uma gravidade extrema. ‘Há um Brasil paralelo nos fundões do WhatsApp’. Nesse ‘Brasil paralelo’, o Bolsonaro disparou nas pesquisas. Abriu 45 pontos de vantagem sobre o seu principal rival. Mas os vilões Fachin, Barroso, Xandão, sobre a influência de Lula, de Zé Dirceu e do PCC, estão tramando empurrar a chapa do Bolsonaro. O Brasil alternativo do aplicativo convive também com a chance de roubo na apuração das urnas. As forças armadas estão em cima, mas o povo precisa sair às ruas, no dia 7 de setembro, para exigir voto auditável. Do contrário, o Brasil vai virar um novo membro do Bloco Comunista da América Latina.”
Entretanto, o trecho disseminado exclui a fala seguinte do colunista, em que ele contextualiza o seu comentário:
“Esse Brasil bolsonarista do WhatsApp não é novo, é aquele, nós estamos diante do mesmo conto do vigário de 2018, com ajustes de enredo, mas se mantém inalterado o propósito em 2022 de ludibriar o eleitorado. A diferença é que agora, graças a essa parceria que foi estabelecida entre a Folha e a Quest, o jornalismo está invadindo o território da mentira antes da abertura das urnas.”
Essa checagem também foi feita pelo UOL Confere.
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