Não é recente e nem tem relação com as eleições venezuelanas o vídeo que mostra corpos sendo retirados de uma caminhonete e jogados no chão. A gravação circula ao menos desde 30 de outubro de 2018, dias depois de a Guarda Nacional Bolivariana executar membros de uma gangue envolvidos em uma tentativa de sequestro, segundo reportagens da imprensa local.
O conteúdo falso circula no Telegram e no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Caracas Venezuela comunista
Posts nas redes têm compartilhado como se fosse recente um vídeo que mostra agentes uniformizados jogando corpos ensanguentados no chão. Ainda que o Aos Fatos não tenha encontrado o post original, as imagens circulam ao menos desde 30 de outubro de 2018, quando foram associadas a um confronto em San Mateo, no norte do país.
Segundo a imprensa local, poucos dias antes, em 25 de outubro, oito membros da associação criminosa Tren de Aragua foram mortos por funcionários da Guarda Nacional Bolivariana. Os criminosos estavam a bordo de uma van onde escondiam uma pessoa sequestrada.
Após o enfrentamento com a polícia, os membros da gangue foram levados ao Hospital José María Benítez, na mesma cidade, mas morreram e tiveram seus corpos transferidos para a sede do Senamecf (Serviço Nacional de Medicina e Ciências Forenses). Os homens que aparecem fazendo o manejo dos cadáveres seriam agentes do órgão.
Reeleição. A gravação, portanto, não tem relação com as eleições ocorridas em 29 de julho, cujos resultados têm sido questionados pela oposição e por líderes e organizações internacionais.
Sem apresentar atas que mostrassem a apuração dos votos, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) declarou a vitória de Nicolás Maduro contra Edmundo González. A autoridade eleitoral é alinhada ao regime do ditador venezuelano e foi acusada de fraude.
A vitória de Maduro desencadeou uma onda de protestos por todo o país, que já causaram a morte de ao menos 24 pessoas.
Esta peça de desinformação foi desmentida pelo Estadão Verifica.
O caminho da apuração
Por meio de busca reversa, Aos Fatos encontrou imagens do vídeo divulgadas em 30 de outubro de 2018 por um usuário no X. Ele afirmava que os registros seriam da cidade de Tumeremo, mas outros usuários disseram que se tratava de um caso ocorrido em San Mateo.
Em seguida, buscamos informações na imprensa venezuelana sobre um confronto no local. Além das circunstâncias similares, as notícias informavam que um dos homens mortos no embate seria Aldo Maletero. No vídeo usado pelas peças de desinformação, a palavra “Maletero” é pronunciada por um dos agentes Senamecf.