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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2016. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Às vésperas dos jogos, bairros olímpicos do Rio têm ao menos um relato de tiroteio por dia

Por Tai Nalon

2 de agosto de 2016, 14h29

No mês que antecede os Jogos Olímpicos, bairros do Rio de Janeiro que sediarão os eventos esportivos registraram ao menos um tiroteio por dia. O número é resultado de um cruzamento de dados feito por Aos Fatos nas bases da Anistia Internacional, que gerencia o projeto Fogo Cruzado, e de registros policiais.

De acordo com o levantamento, 46 relatos de tiroteio foram registrados pelo aplicativo Fogo Cruzado de 6 de julho de 2016 ao último dia 31 em vizinhanças que sediarão os jogos, como a região do Maracanã, da Tijuca, da Vila Militar e de Realengo.

A região com a maior quantidade de relatos é a Tijuca, onde ficam o Maracanã e o Maracanazinho, que receberão jogos de futebol e de vôlei. Ali, foram registrados 17 casos, dentre os quais, conforme os relatos, 3 com vítimas e feridos. Outro caso ocorreu na avenida Maracanã — uma das vias de acesso ao estádio —, mas a distância exata do local que sediará a abertura das Olimpíadas não foi registrada pelo aplicativo.

Veja a tabela com os dados totais e os cruzamentos feitos por Aos Fatos e clique nos marcadores do mapa para mais informações.

Aos Fatos também verificou se há relatos de tiroteios em bairros por meio dos quais atletas, turistas e moradores deverão passar para chegar à região central da cidade, a partir da qual há acesso a obras de legado, pontos turísticos e arenas olímpicas.

Quem chega ao Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, por exemplo, cruza bairros da zona norte como a Ilha do Governador, a Maré, o Caju e São Cristóvão. Dessas vizinhanças, é a Maré que tem mais relatos: 18 ocorrências em julho. O Centro, onde fica o aeroporto Santos Dumont, tem a maior quantidade de relatos de vítimas e feridos — de oito tiroteios, quatro resultaram em vítimas fatais e feridos.

Método. O cruzamento de dados feito por Aos Fatos usou as bases do aplicativo de celular Fogo Cruzado, da Anistia Internacional, como ponto de partida. A tecnologia permite que qualquer cidadão compartilhe dados toda vez que presenciar ou ouvir um tiroteio. A partir de um relato, o aplicativo registra em um mapa o local, o dia e a hora em que os tiros ocorreram.

Posteriormente, os dados são complementados com material oficial das polícias civil e militar. Aos Fatos checou esses dados, para chegar ao número de 46 relatos, dos quais 5 foram registrados em duas localidades próximas, em horários aproximados, no mesmo dia.

No caso das vítimas fatais e dos feridos, por falta de dados oficiais atualizados e detalhados, não é possível confirmar com as polícias civil e militar o número real de afetados por essas ocorrências. No longo prazo, entretanto, será possível conferir se pode haver subnotificação de casos de tiroteio.

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