Dezenas de contas falsas de celebridades e instituições brasileiras foram criadas no Bluesky em 31 de agosto — dia seguinte à decisão do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu o X do Brasil.
Os perfis utilizavam foto e nome de usuário de políticos, partidos e celebridades e, nas descrições, informavam que eram contas “não oficiais". Em seguida, indicavam um mesmo endereço de contato para pedir acesso à conta.
“Para solicitar este @ favor enviar um email”, dizia a descrição que se repetia nas 86 contas mapeadas.
Entre elas estavam contas falsas do presidente Lula, do ex-presidente Bolsonaro, de partidos como o PSOL, PSB e PDT e de empresas como Carrefour, Claro e TIM.
Além da descrição idêntica, os perfis tinham em comum a baixa atividade na plataforma: a maioria possuía menos de 20 seguidores e nenhuma publicação.
Os nomes de usuário também seguiam um padrão: utilizar o nome de instituições e personalidades brasileiras seguidos de “bsky.social" — indícios de que as contas foram criadas por pessoas que não tomam conta das redes oficiais dessas figuras.
Os perfis permaneceram no ar até meados de novembro deste ano, quando um usuário da plataforma publicou um fio que revelava o esquema.
Aos Fatos questionou a assessoria de imprensa do Bluesky sobre as contas falsas e as medidas tomadas para evitar esse tipo de comportamento. A rede informou que os perfis já haviam sido excluídos pela equipe de moderação, por violação das diretrizes de comunidade.
A empresa só omitiu que o próprio protocolo sobre o qual a rede foi construída permite que a verificação dos perfis seja feita a partir da configuração de domínios personalizados, controlados pelo usuário. Essa é uma das maneiras de evitar que sejam criadas contas falsas com seu nome.
O site do Bluesky traz um passo a passo para quem desejar utilizar um domínio próprio como forma de verificação:
- Caso não tenha, o usuário deverá comprar um domínio a partir de uma empresa que forneça o serviço. No Brasil este serviço é feito principalmente pelo Registro.BR, mas a própria rede também facilita o processo de busca e compra através das configurações de conta.
- Caso já possua um domínio, o usuário deverá estar logado na plataforma e seguir até a página de configurações de sua conta.
- Na parte inferior da página aparecerá a categoria “Avançado”, e a opção “Alterar Usuário”. O usuário deverá clicar nela.
- Na tela que surgir, deverá selecionar a opção “Eu tenho meu próprio domínio”.
- As informações que surgirão na próxima tela servirão para a configuração do domínio comprado nos passos anteriores, em particular na parte de gerenciamento de DNS.
- Uma vez configuradas as informações no serviço de registro de domínios, o usuário deverá esperar alguns minutos para que as informações sejam enviadas ao Bluesky.
- O último passo é clicar no botão “Verificar registro DNS”. Caso os passos anteriores tenham sido seguidos corretamente, a mudança estará completa.
Essa possibilidade de verificação de perfil, além de investimentos em equipe de moderação de conteúdo e em canais de atendimento de imprensa, são algumas das características que afastam o Bluesky do X e ajudam a explicar a migração de usuários para essa rede.
Mas com grandes públicos também chegam grandes problemas. Além dos perfis falsos, o Bluesky tem sido cada vez mais palco de publicações enganosas, bots maliciosos e fraudes, que vão exigir mais ação. A resposta da plataforma a essas questões dirá se ela é tão diferente assim de seus concorrentes.