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‘Veja’ não noticiou que Bolsonaro vai reformular Ministério da Educação

Por Priscila Pacheco

14 de janeiro de 2022, 19h01

Não é verdade que a revista Veja publicou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) irá reformular o Ministério da Educação, como dizem postagens nas redes sociais (veja aqui). O conteúdo não foi encontrado por Aos Fatos na página da revista ou nos seus perfis autenticados nas redes sociais. Tampouco foram identificadas notícias sobre expulsão de alunos e a adoção de teste de qualificação mais rigoroso para professores.

As publicações enganosas reuniam ao menos 68.036 compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (14).


Selo falso

A revista Veja não publicou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) irá reformular o Ministério da Educação, conforme alegam postagens nas redes sociais. Aos Fatos não encontrou reportagem sobre o tema no site da revista, e o conteúdo também não aparece nas capas nem nas redes sociais autenticadas da publicação (aqui, aqui e aqui).

Na edição da revista anterior à peça de desinformação, do dia 6 de janeiro, a única reportagem com referência ao Ministério da Educação fala sobre a renegociação de dívidas do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

Já a última reportagem que cita o órgão no site da Veja é uma análise sobre o desejo do ex-ministro da pasta Abraham Weintraub de concorrer ao governo de São Paulo, publicada em 14 de janeiro. Na edição impressa que foi às bancas nesta sexta (14), não há menção a reformulações no Ministério da Educação.

Tampouco foram encontradas publicações da revista sobre alunos serem expulsos da escola por espancarem professores, seleção rigorosa de docentes e fim da pornografia infantil. No ano passado, a fala do atual ministro, Milton Ribeiro, sobre violência contra professores foi destacada na revista, mas sem menção a punições.

“Devido à implementação de políticas de educação e filosofia equivocadas, meu entendimento, que desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula, o que existem, hoje, são episódios de violência física de alunos contra professores. As mesmas vozes críticas de nossa sociedade devem se posicionar contra tais crianças com a mesma intensidade. Muitas vezes, o que acontece é o que vemos na TV: professores sendo agredidos, desrespeitados. Respeite o respeito pelo professor”, diz o trecho.

Em 2019, a revista deu espaço para uma fala do então ministro Weintraub sobre professores chamarem a polícia em caso de agressão. “Se o aluno agride, o professor tem de fazer boletim de ocorrência. Chama a polícia, os pais vão ser processados ​​e, no limite, tirar o Bolsa Família dos pais e até a tutela do filho”, disse Weintraub na época.

Estão programadas para este ano mudanças curriculares no ensino médio, medida aprovada em uma lei de 2017, ainda durante a gestão de Michel Temer (MDB). As mudanças incluem aumento da carga horária, interação entre disciplinas e desenvolvimento de atividades para que estudantes construam seus projetos de vida. As medidas não prevêem um exame mais rigoroso para seleção de professores.

Aos Fatos entrou em contato com o Ministério da Educação e com a Presidência da República para verificar a existência de planos para reformular a pasta, mas não obteve retorno até a publicação da checagem.

Esta peça de desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. Veja (Fontes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9)
2. G1
3. Site do Planalto


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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