🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vacinas testadas contra Covid-19 não usam nanochip para rastrear pessoas pelo 5G

Por Priscila Pacheco

6 de agosto de 2020, 15h57

Não é verdade que vacinas contra a Covid-19 produzidas por empresas chinesas e em fase de testes tenham nanochips na composição para rastrear pessoas e diminuir a imunidade por meio da tecnologia 5G, conforme afirmam postagens que circulam nas redes sociais (veja aqui). O Instituto Butantan, parceiro da farmacêutica Sinovac Biotech, que tem testado uma vacina no Brasil, e especialistas consultados por Aos Fatos refutam a peça de desinformação.

Segundo Renato Kfouri, pediatra e diretor da SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações), não existem vacinas com chip entre as que estão em estudo clínico para a Covid-19 nem entre as que já estão em uso para outras doenças. Fernando Hellmann, professor do departamento de saúde pública da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que atua na área de bioética, ressalta que, embora seja possível inserir chip no corpo humano, não há a possibilidade de controlar pessoas por meio desses dispositivos até o momento.

A peça de desinformação conta com ao menos 11.000 compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (6). Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Você acredita que dentro da vacina de Covid-19, que será obrigatória para toda população, pode ter um nano-chip????????

Postagens que circulam nas redes sociais enganam ao insinuar que vacinas de origem chinesa contra a Covid-19 podem conter nanochips, o menor tipo de chip, para rastrear a população e diminuir a imunidade por meio de tecnologia 5G (quinta geração). Renato Kfouri, pediatra e diretor da SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações), explica que não há nenhuma vacina em estudo contra o novo coronavírus que contenha chip em sua composição. O dispositivo também não está presente em imunizações já em uso.

A CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e que é testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, por exemplo, utiliza vírus inativado, o mesmo método de vacinas, como a da raiva. “A formulação [da CoronaVac] contém coronavírus mortos num processo de inativação química para que apenas estimulem a proteção imunológica do organismo sem causar a infecção. Não há qualquer componente de ‘controle digital’”, afirmou o Instituto Butantan em nota para Aos Fatos.

Kfouri lembra que as vacinas já em testes contra a Covid-19 são registradas no Clinical Trial, site sobre estudos em humanos, e devem mostrar as informações das composições. A lista de imunizações também está disponível no site da OMS (Organização Mundial da Saúde) com direcionamento para informações detalhadas.

Atualizado no dia 31 de julho, o documento mostra que 26 vacinas estão em fase de testes em humanos e 139 estão sendo desenvolvidas em laboratório. “Algumas dessas vacinas possuem tecnologia inovadora, pouco conhecidas por quem não acompanha estudos, mas todas as que estão nas fases dos estudos clínicos se mostraram seguras. E só serão aprovadas se mostrarem mais segurança na fase final”, comenta Kfouri.

Fernando Hellmann, professor do departamento de saúde pública da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que atua na área de bioética, explica que há vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19 baseadas na nanotecnologia, uso de partículas muito pequenas, como proteínas, mas que isso não está relacionado a inserção de chips. Um exemplo é o estudo da nanovacina liderado pelo ICB da USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo), que usa proteínas modificadas geneticamente e está em fase inicial.

A peça de desinformação também cita uma “vacina de Bill Gates”. Porém, apesar de a Fundação Bill & Melina Gates ter doado ao menos US$ 100 milhões para diagnóstico, tratamento, medicamentos e vacinas contra o novo coronavírus, a entidade não desenvolve nenhuma imunização própria. A instituição costuma financiar estudos na área da saúde.

5G. Hellmann ressalta que, embora seja tecnicamente possível inserir um chip no corpo humano, ainda não existe a possibilidade de ele controlar pessoas por meio da tecnologia 5G. Vale destacar que o sinal da internet móvel 5G é limitado no Brasil. A operadora de telefonia Claro o disponibilizou em julho em alguns bairros de São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, apenas um modelo de celular suporta o 5G no país. Em todo o mundo, somente 37 países já possuem a cobertura.

Conteúdos similares à peça de desinformação checada por Aos Fatos também têm circulado em outros países, como Espanha e Nova Zelândia.

Referências:

1. Instituto Butantan
2. Revista Fapesp
3. OMS
4. Jornal da USP
5. Fundação Bill & Melina Gates
6. G1
7. Qualcomm
8. ColombiaCheck
9. AFP


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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