🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Urna em Mato Grosso com 100% dos votos para Lula não é prova de fraude eleitoral

Por Luiz Fernando Menezes

2 de novembro de 2022, 17h50

O fato de uma urna da seção de Confresa (MT) ter registrado 100% dos votos válidos para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mostra nenhuma irregularidade eleitoral, como sugerem postagens nas redes sociais. Conforme explicado pelo TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso), a seção citada está localizada em uma comunidade indígena, e é comum que nesses locais haja unanimidade na votação. Representantes do povo indígena Apyãwa Tapirapé também confirmaram terem se organizado para votar no petista.

As peças de desinformação viralizaram em diversas redes sociais, principalmente Kwai e TikTok, nos quais acumulam centenas de milhares de visualizações. No Facebook, as publicações alcançaram mais de 42 mil compartilhamentos até a tarde desta quarta-feira (2).


Selo não é bem assim

Eu quero que o TSE explique isso aqui. Coisa que eles não vão fazer. Lula, 383 aptos, 384 . Lula 383, Bolsonaro não recebeu um voto sequer, no Mato Grosso, coração do agro do Brasil, cês tão de brincadeira com a cara da gente? Cês acham que a gente é otário? Cês acham que a gente é idiota? Votos nulos: um voto. Total apurado: 384. Votos nominais: 383. Todos os votos pro Lula. Que porra é essa? Que palhaçada é essa?


Vídeo usa resultado unânime em urna indígena para questionar resultado das eleições

O resultado da eleição presidencial em uma seção do município de Confresa (MT) que deu 100% dos votos válidos para Lula não é indício de fraude eleitoral, como alegam publicações nas redes. Nos vídeos que circulam com a falsa alegação, é mencionado que o estado “do agronegócio” nunca iria escolher o petista de forma unânime. As peças desinformativas, no entanto, omitem que a seção citada estava localizada na Escola Estadual Tapi’itawa, na aldeia indígena Urubu Branco.

Segundo o TRE-MT, a convergência de votos é uma situação comum em áreas indígenas e quilombolas e aconteceu em outras seções da região, o que não indica fraude eleitoral. De fato, a seção citada repetiu a votação do primeiro turno deste ano: todos os 375 eleitores que compareceram às urnas votaram em Lula para presidente. No segundo turno, o presidente eleito teve 383 dos 384 votos registrados na seção — um eleitor votou nulo.

Em entrevista à Gazeta Digital, o cacique da aldeia, Elber Ware’i Tapirapé, confirmou que o voto do povo Apyãwa Tapirapé foi unânime: “No dia 30 de outubro de 2022, entendemos que o povo brasileiro exerceu a sua cidadania. O que está assegurada na Constituição Federal de 1988. O povo Apyãwa-Tapirapé não foi diferente, o voto foi 100% para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Estão querendo considerar que isso é uma fraude, mas não é. Foi uma decisão unânime de voto para o candidato eleito. Pode analisar que isso aconteceu tanto no primeiro turno e quanto no segundo turno”.

A aldeia também se manifestou via nota publicada na rede social da Copiap (Coordenação e Organização do Povo Indígena Apyãwa).

Houve outros casos de urnas que apresentaram unanimidade nos votos ou resultados próximos disso. No primeiro turno das eleições deste ano, de acordo com levantamento do Nexo, Lula conseguiu 100% dos votos válidos em 35 seções. Por mais que Bolsonaro não tenha conseguido nenhuma votação unânime, ele teve mais de 95% dos votos em seis seções, nas seguintes cidades:

  • Toledo (PR), município onde teve 68,76% dos votos válidos;
  • Machado (MG), onde conseguiu 61,54% dos votos válidos;
  • Nova Bréscia (RS), na qual obteve 77,57% dos votos válidos;
  • e Braço do Norte (SC), onde o presidente derrotado conseguiu 80,83% dos votos válidos.

O Fato ou Fake também desmentiu essa desinformação.

Referências:

1. Justiça Eleitoral
2. Gazeta Digital
3. Instagram
4. Nexo

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