🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Postagens enganam ao alegar que urna eletrônica deveria ser certificada pelo Inmetro

Por Luiz Fernando Menezes

11 de fevereiro de 2022, 13h12

É falso que as urnas eletrônicas deveriam ser recolhidas por não terem certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), como sustentam postagens nas redes sociais (veja aqui). O órgão cuida de bens comercializados, o que não é o caso dos equipamentos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As máquinas de votação são aferidas hoje por quatro laboratórios certificados pelo instituto.

O conteúdo enganoso reunia ao menos 5.000 compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (11) e também circula no WhatsApp (fale com a Fátima).


Selo falso

Postagem desacredita urnas ao citar ausência de selo do Inmetro

Não é verdade que, pela ausência do selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), as urnas eletrônicas deveriam ser recolhidas. A certificação de qualidade desses equipamentos não é uma atribuição do órgão, que avaliza insumos, serviços ou produtos finais vendidos no Brasil. As máquinas de votação passam por avaliações em quatro laboratórios credenciados pelo instituto.

A Lei 9.933/1999, que define o trabalho do Inmetro, estabelece que o instituto deve regulamentar as normas técnicas e controlar a qualidade de bens comercializados. Como as urnas não se encaixam nesta definição, não entram no seu escopo de atuação.

Ainda assim, o Inmetro participa indiretamente de certificações das urnas eletrônicas, já que é o órgão acreditador de laboratórios envolvidos na análise dos equipamentos de votação e produz regulamentos técnicos.

Um exemplo disso é a norma nº 170, que estabelece referências de segurança e eficiência energética de bens de informática, na qual se basearam alguns dos testes feitos nas urnas.

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Quatro laboratórios credenciados pelo Inmetro atuam hoje na certificação de diferentes partes e processos das urnas eletrônicas, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O CertLab (Laboratório de Ensaios Elétricos e Magnéticos) analisa a segurança de operação do equipamento, o LIT (Laboratório de Integração e Testes) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) verifica se as normas internacionais de compatibilidade eletromagnéticas foram respeitadas, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) certifica as embalagens e o Laspi (Laboratório de Aplicações Tecnológicas para o setor Produtivo e Industrial da UFRJ) testa o módulo de segurança que emite a certificação digital.

As urnas eletrônicas têm ainda diversos mecanismos para garantir a segurança das eleições: não são conectadas à internet, possuem criptografia e assinaturas digitais que inviabilizam a manipulação de dados e imprimem boletins com os votos registrados, o que permite a verificação dos votos, por exemplo.

Origem. A peça de desinformação faz uma referência distorcida a uma declaração de Marcos Guerson, presidente do Inmetro, na live do presidente Jair Bolsonaro (PL) de 3 de fevereiro. Quando perguntado sobre a participação do instituto na certificação das urnas, ele disse que “o Inmetro nunca foi chamado a participar e, na verdade, não está, em princípio, na competência dele [avaliar esses equipamentos]”.

Referências:

1. Planalto
2. Inmetro (1 e 2)
3. TSE
4. Aos Fatos


Aos Fatos integra o Third-Party Fact-Checking Partners, o programa
de verificação de fatos da Meta. Veja aqui como funciona a parceria.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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