Um a cada dois tweets dos pré-candidatos à Presidência mira adversários

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Nos cinco primeiros meses deste ano eleitoral, um a cada dois tweets publicados pelos cinco principais pré-candidatos à Presidência mirou adversários políticos, especialmente outros postulantes ao Palácio do Planalto, detectou o Radar Aos Fatos.

Postagens críticas ou que atacam opositores renderam quase três milhões de interações aos perfis dos presidenciáveis mais bem colocados na última pesquisa Datafolha — Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB).

Para chegar a essa conclusão, o Radar analisou os 250 posts mais populares dos pré-candidatos (50 tweets de cada) entre 1º de janeiro e 20 de maio. Destes, 121 (48%) continham investidas contra oponentes, 58 (23%) abordavam aspectos de pré-campanha ou propaganda e 24 (10%) citavam propostas, legado e ações. Mensagens que não abordavam nenhum desses temas (47 ao todo, ou 19%) foram classificadas como “outros”.

Embora domine em quantidade de postagens, a estratégia de ataques a adversários gerou engajamento ligeiramente menor do que a de autopromoção dos pré-candidatos. Tweets em que os presidenciáveis anunciavam atos de pré-campanha, apoios recebidos ou faziam propaganda política lideraram as interações na amostra analisada (3,2 milhões de curtidas e retweets, quase 36% do total).

NO ATAQUE

Pré-candidatos à Presidência que aparecem atrás de Bolsonaro e Lula nas pesquisas eleitorais foram os que mais estimularam a reprovação de adversários como estratégia política no Twitter. Com 2% das intenções de voto no mais recente Datafolha, o deputado federal André Janones liderou a campanha de rejeição a oponentes na plataforma.


Entre os 50 posts com maior engajamento publicados pelo parlamentar, 38 traziam críticas — a maioria a Bolsonaro. O tom combativo impulsionou a popularidade de Janones no Twitter e reuniu 119.798 das suas interações, o que corresponde a 90% do total mapeado.

Terceiro colocado na sondagem eleitoral, Ciro Gomes adotou postura semelhante — publicou 33 mensagens com ataques, que somaram quase 389.583 curtidas e retweets. Assim como Janones, o ex-governador do Ceará concentrou sua ofensiva em Bolsonaro, mas seus alvos foram mais diversificados. O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), que abandonou a corrida presidencial há dois meses, e Lula também foram criticados.

Um exemplo está em um tweet de 30 de abril, quando o pedetista recorreu a uma “derrapada” de Lula para disparar contra seus dois principais concorrentes na corrida presidencial.



Já a senadora Simone Tebet, que aparece empatada com Janones no Datafolha, postou 21 tweets críticos a adversários e angariou cerca de 57.831 interações. Integrante da CPI da Covid-19 no Senado, a parlamentar condenou, por exemplo, os ataques do presidente à vacinação infantil contra o novo coronavírus, aprovada em janeiro deste ano pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

NA MIRA

Líderes nas pesquisas da disputa presidencial, Bolsonaro e Lula despontaram como os principais alvos dos ataques disparados pelos concorrentes na rede social. O atual presidente recebeu críticas em 71 tweets (698.016 interações); enquanto o ex-mandatário foi mencionado em 20 mensagens (600.180 curtidas e retweets).

Houve, na amostra analisada pelo Radar, investidas mútuas entre ambos. Lula, por exemplo, apostou na polarização da pré-campanha em uma postagem publicada no último 21 de abril. Nela, o ex-presidente disse que Bolsonaro seria “desqualificado”.

Celebridades apareceram como o terceiro foco preferencial dos ataques disseminados pelos pré-candidatos (12 mensagens com 904.688 curtidas e retweets). Essas críticas a artistas foram impulsionadas sobretudo por Bolsonaro, que investe em interações com perfis influentes para alavancar sua popularidade nas redes sociais.

Isso aconteceu recentemente em uma polêmica envolvendo Anitta e Leonardo DiCaprio. Após a cantora postar na plataforma que havia conversado com o ator sobre “a importância dos jovens tirarem seu título de eleitor” e afirmar que ele “sabe mais sobre a importância da Amazônia do que o presidente do Brasil”, Bolsonaro emendou uma série de tweets aos dois.

Em um deles, o presidente sugeriu que DiCaprio abandonasse o uso de “jatinhos e iates” devido à emissão de gás carbônico por esses veículos na atmosfera. “Antes de dar lição, é preciso dar exemplo”, arrematou Bolsonaro.

METODOLOGIA

O Radar coletou, por meio da API pública do Twitter, os 50 tweets com mais interações (curtidas e retweets) publicados entre 1º de janeiro e 20 de maio pelos cinco pré-candidatos à Presidência mais bem colocados na última pesquisa Datafolha e classificou as postagens por temas.

Os tweets foram considerados “críticas ou ataques” quando o presidenciável criticou um adversário; de “pré-campanha ou propaganda” quando mencionou atos ou apoios da pré-candidatura ou apostou na propaganda política; e de “proposta, legado ou ações” quando apresentou planos para um eventual governo ou citou ações de gestões atuais ou anteriores; e de “outros” quando não tinham relação com as demais categorias.

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