Núcleo Jornalismo

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Tuítes virais de perfis de direita focam ataques ao Judiciário a 24 horas do início da eleição

Por Ethel Rudnitzki e Laís Martins

2 de outubro de 2022, 10h31

Esta reportagem foi feita numa colaboração entre Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo para a cobertura das eleições de 2022. A republicação só é permitida com a atribuição de crédito para todas as organizações.


A menos de 24 horas para a abertura das seções eleitorais no Brasil, os tuítes mais virais publicados por perfis de direita e extrema-direita têm como foco ataques ao Judiciário. Apesar de esses usuários se identificarem no Twitter como apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), conteúdos em apoio à reeleição do presidente da República ficaram em segundo plano.

  • O Aos Fatos e o Núcleo Jornalismo analisaram os 50 tuítes com mais interações (curtidas e retuítes) publicados por personalidades identificadas com a direita e a extrema-direita entre a madrugada de sexta-feira (30) e a noite de sábado (1º).
  • No momento da análise, os 50 tuítes somavam 73,3 mil curtidas e 13,3 mil retuítes.
  • A maioria (39) faz críticas ou ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) ou ao TSE Tribunal Superior Eleitoral).
  • Apenas 4 continham manifestações explícitas de apoio a Bolsonaro.

Um tema que aglutinou influenciadores de direita foi a decisão do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, para que as plataformas bloqueassem contas da juíza Ludmila Lins Grilo, do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais). Nove tuítes analisados comentavam o caso.

Dois tuítes do pastor Silas Malafaia — que teve diárias de hotel pagas com dinheiro público na Inglaterra, quando acompanhou Bolsonaro em cerimônias fúnebres pela morte da rainha Elizabeth — repetem a alegação falsa de que não há denúncias de corrupção contra o atual governo.

Na verdade, integrantes e ex-integrantes são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública, conforme o Aos Fatos checou ao menos 235 vezes desde o início do governo, inclusive durante o debate na Globo, na quinta-feira (29). É a alegação falsa mais repetida por Bolsonaro desde janeiro de 2019, quando assumiu o cargo.

‘CONDUTA INCOMPATÍVEL’

Em 21 de setembro, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu investigação contra a magistrada mineira por “conduta nas redes sociais incompatível com seus deveres funcionais de magistrada”. No Twitter, Grilo vinha fazendo publicações ‘depreciativas’ ao STF e à Justiça Eleitoral.

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes foi copiado na decisão por um suposto envolvimento entre a juíza mineira e o blogueiro de extrema-direita Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos, onde continua a espalhar informações falsas sobre a urna eletrônica brasileira. Na visão do corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, Grilo poderia estar ajudando o influenciador foragido a descumprir ordem do STF de permanecer afastado das redes sociais.

Desde sexta-feira (30), os perfis da juíza nas principais plataformas saíram do ar. O bloqueio foi cumprido por Facebook, Instagram, YouTube e Twitter, em que somava 300 mil seguidores, mas Grilo mantém parte do alcance: “Este canal no Telegram é o meu último veículo aberto de comunicação com vocês. Agora, é exclusivamente por aqui que vamos manter contato”, escreveu no sábado (1º). “Este canal no Telegram é o meu último veículo aberto de comunicação com vocês. Agora, é exclusivamente por aqui que vamos manter contato.”

As menções à decisão de Moraes contra a magistrada superaram os tuítes (6) com críticas à multa aplicada pelo TSE a Bolsonaro por campanha antecipada na transmissão ao vivo, no YouTube, em que repetiu alegação mentirosas sobre as urnas eletrônicas.

Os apoios ao presidente também foram superados por cinco tuítes que tratavam das eleições para o Senado Federal, misturando ataques ao Judiciário com campanha para senador.

  • “Só qdo tivermos representantes comprometidos em respeitar a Constituição e em votar o impeachment de min do STF q ñ respeitam, é q vamos resgatar nossa Democracia. Abaixo a ditadura da toga”, escreveu Cristina Graeml, comentarista da Jovem Pan, em tuíte que somou 2.752 interações.
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