Trump não restringiu circulação de Janja em Nova York

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Não é verdade que o presidente americano Donald Trump proibiu a circulação da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, em Nova York durante a 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Não há qualquer anúncio do tipo em canais oficiais americanos e brasileiros ou na imprensa. Além disso, registros provam que a primeira-dama se movimentou livremente pela cidade.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 400 mil curtidas no Instagram, 80 mil visualizações no Kwai e 4.500 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (24).

TRUMP PROIBIU JANJA DE CIRCULAR EM NOVA YORK. ELA TEVE O VÍDEO RESTRITO PELOS EUA E SÓ PODE IR AO EVENTO DA ONU E VOLTAR PARA CASA.

A imagem mostra a primeira-dama Janja, uma mulher de cabelos lisos e castanhos, usando óculos de armação grossa e escura. Ela veste uma camisa clara e está sentada. Na parte inferior da imagem, há um retângulo branco com o texto: 'News: Trump proibiu Janja de circular em Nova York. Ela teve o vídeo restrito pelos EUA e só pode ir ao evento da ONU e voltar para casa.'

Posts nas redes enganam ao afirmar que Janja teria sido proibida de circular por Nova York durante a Assembleia Geral da ONU. Segundo as publicações, seu visto teria sido restringido pelo governo Trump e ela poderia se deslocar apenas do local de realização do evento até o estabelecimento em que estava hospedada.

Aos Fatos não encontrou qualquer evidência que sustente essa alegação. Não há registros semelhantes em comunicados oficiais dos governos americano ou brasileiro, nas redes sociais de Trump ou na imprensa.

Pelo contrário: reportagens mostram que Janja circulou normalmente pela cidade, foi vista em compras e participou de um culto em uma igreja no bairro Harlem no domingo (21).

A primeira-dama desembarcou nos Estados Unidos em 17 de setembro, antes da chegada de Lula, com um visto especial garantido pelo acordo entre a ONU e o país-sede, que assegura a entrada de delegações oficiais para os encontros multilaterais.

Desde maio, Janja atua como enviada especial para mulheres. Em Nova York, ela cumpriu agendas ligadas à COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que acontecerá entre 10 e 21 de novembro em Belém (PA).

Na última quinta-feira (18), ela participou de uma reunião de trabalho sobre gênero e clima; no dia seguinte, compareceu a um encontro com lideranças e representantes da sociedade civil para discutir ética e justiça climática.

É fato, porém, que o governo americano impôs restrições ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo a imprensa brasileira, os EUA comunicaram à embaixada do Brasil em Washington que o visto concedido ao ministro limitava sua circulação a um raio de cinco quarteirões entre o hotel e a sede da ONU. Padilha desistiu de acompanhar a comitiva.

O episódio tem relação direta com sua atuação à frente do Ministério da Saúde em 2013, quando foi criado o programa Mais Médicos, que trouxe médicos cubanos para a rede de saúde brasileira. Em retaliação, os EUA cancelaram os vistos da mulher e da filha do ministro. Como o dele já estava vencido, não houve cancelamento.

O caminho da apuração

Aos Fatos buscou alegações similares em canais oficiais dos governos brasileiro e americano, além de registros no portal da ONU e em publicações de Donald Trump nas redes.

Também foram feitas buscas em veículos de imprensa brasileiros e internacionais, que não registraram qualquer episódio semelhante.

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