Não é verdade que o presidente americano Donald Trump mandou leiloar um imóvel da família do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso localizado na Flórida. Em nota ao Aos Fatos, o Supremo desmentiu a alegação. Também não há registros sobre decisão similar em canais oficiais e na imprensa.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 250 mil visualizações no TikTok, 40 mil visualizações no Kwai, 6.000 compartilhamentos no Facebook e alcançaram centenas de usuários no X e no Instagram até a tarde desta segunda-feira (20).
Trump manda leiloar a mansão de Barroso nos EUA e mostra que não há como escapar da Magnitsky.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que Trump teria mandado leiloar um imóvel na Flórida pertencente à família de Barroso. Além de a alegação ter sido desmentida pelo STF na última quinta-feira (16), não há registros similares em canais oficiais e na imprensa.
Em busca no portal da Embaixada dos EUA no Brasil e em canais do governo americano nas redes (veja aqui, aqui, aqui e aqui), Aos Fatos não encontrou nenhum anúncio sobre a suposta decisão de leiloar o imóvel da família Barroso, localizado em uma área nobre de Miami. Também não foram encontrados registros em veículos jornalísticos nacionais e internacionais.
As peças enganosas ainda alegam que o magistrado teria antecipado sua aposentadoria após ter sofrido sanções via Lei Magnitsky. Barroso, no entanto, não foi alvo da medida, conforme é possível verificar em consulta à lista de sancionados pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, responsável pela aplicação da norma.
Até o momento, foram alvos da lei apenas o ministro do STF Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane Barci de Moraes.
Barroso, que foi afetado apenas pela suspensão do visto de acesso aos Estados Unidos, negou em entrevista à imprensa que sua decisão de antecipar a aposentadoria tenha qualquer relação com medidas retaliatórias do governo Trump.
Aos Fatos pediu novo posicionamento ao STF sobre as alegações disseminadas pelas peças de desinformação, mas não recebeu retorno até o momento da publicação desta checagem.
Desinformação recorrente. O anúncio feito por Barroso no último dia 9 fez com que uma onda de teorias conspiratórias sobre os motivos de sua aposentadoria passassem a ser compartilhadas nas redes.
Uma das principais correntes desinformativas alega que o magistrado teria decidido deixar o cargo devido a uma suposta investigação dos EUA que teria descoberto um conluio entre ele e o governo do democrata Joe Biden para interferir nas eleições brasileiras de 2022. Como o Aos Fatos já explicou, não existe nenhuma prova de que tal interferência tenha ocorrido.
As falsas publicações também resgatam uma desinformação que alega que o ministro teria comprado de Taiwan em 2022 microchips adulterados que continham milhões de votos para Lula.
A afirmação distorce o contexto de escassez mundial de semicondutores entre 2021 e 2022 devido à pandemia de Covid-19. Usadas para controlar a corrente de eletricidade em equipamentos eletrônicos, as peças não são capazes de armazenar dados.
Para evitar que a produção das urnas eletrônicas fosse interrompida pela escassez dos componentes, a diplomacia brasileira agiu para importar peças de Taiwan e dos Estados Unidos. Na época presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Barroso agradeceu os envolvidos na negociação.
O caminho da apuração
Aos Fatos consultou o portal da Embaixada dos EUA no Brasil, perfis oficiais do governo americano nas redes e veículos jornalísticos nacionais e internacionais, mas não encontrou nenhuma menção à decisão atribuída a Trump. Também consultamos uma nota enviada pelo STF na última quinta-feira que desmentia a alegação enganosa.
A equipe também verificou informações sobre a suposta aplicação da Lei Magnitsky contra Barroso. Para isso, consultou a lista de sancionados mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos.
Por fim, recuperamos checagens que desmentem alegações que voltaram a circular após o anúncio da aposentadoria do magistrado.




