Trump não mandou hastear bandeira do Brasil na Casa Branca em apoio a Bolsonaro

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Não é verdade que o presidente dos EUA, Donald Trump, mandou hastear uma bandeira do Brasil na Casa Branca em solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O trecho do Jornal Nacional veiculado pelas peças de desinformação foi adulterado por IA (inteligência artificial). Em busca na imprensa, Aos Fatos não localizou nenhum anúncio similar por parte do governo americano.

As peças de desinformação somavam 65 mil visualizações no TikTok até a tarde desta sexta-feira (19).

Minutos atrás, Trump, o presidente dos Estados Unidos, mandou colocar a bandeira do Brasil na Casa Branca, em Washington. A mensagem foi clara, é um apoio direto ao Bolsonaro. A imagem já está rodando o mundo e dando o que falar. [William Bonner]

Print de post no TikTok. Na parte superior, há um frame de um trecho do Jornal Nacional. Em primeiro plano, aparece o jornalista William Bonner — homem de pele branca e cabelo grisalho, que usa um terno azul marinho, camisa social branca e gravata verde escura — e, em segundo plano, sendo exibidas em um telão, aparecem as bandeiras dos EUA e do Brasil tremulando, uma ao lado da outra. Na parte inferior, há uma imagem em que o presidente dos EUA, Donald Trump — homem de pele branca e cabelo loiro que aparece usando um terno azul marinho, camisa social branca e gravata vermelha com listras brancas e azuis na diagonal — aparece ao lado do então presidente brasileiro Jair Bolsonaro — homem de pele branca e cabelo castanho escuro que aparece usando um terno preto, camisa social branca e gravata verde escura.

Peças de desinformação nas redes têm compartilhado um trecho do Jornal Nacional adulterado por IA para fazer crer que Trump teria mandado hastear a bandeira do Brasil na Casa Branca em apoio a Bolsonaro.

Por meio de busca reversa, Aos Fatos localizou o registro original da gravação manipulada e verificou que o apresentador William Bonner não faz menção a nenhuma homenagem ao ex-presidente.

Após consulta à imprensa e ao Factbase — repositório que armazena todos os conteúdos publicados por Trump nas redes — também não foi localizado nenhum anúncio público que provasse que o presidente americano deu ordem similar.

A versão original do vídeo compartilhado pelas peças de desinformação foi ao ar em 13 de agosto — antes, portanto, da condenação de Bolsonaro.

No trecho destacado pelos posts, Bonner anuncia que o governo americano iria cancelar o visto do secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Sales, e do ex-assessor de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, Alberto Kleiman, que trabalharam na implantação do programa Mais Médicos.

O governo dos EUA acusou os dois e a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) de terem cumplicidade na exploração de médicos pelo governo de Cuba. A alegação é que o programa teria enriquecido o "corrupto regime cubano" e privado o povo da ilha de atendimento médico.

Posteriormente, os vistos da esposa e da filha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha — que também era o titular da pasta quando o programa foi criado — foram cancelados.

O caminho da apuração

Aos Fatos localizou o registro original por meio de busca reversa e verificou que o vídeo compartilhado pelas peças enganosas foi adulterado por IA. Contextualizamos a checagem com a informação originalmente dada por William Bonner e explicamos resumidamente o que foi o programa Mais Médicos e o motivo pelo qual alguns dos envolvidos no programa têm sido alvo do governo americano.

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