Não há registros públicos de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha mandado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) “calar a boca e parar de atrapalhar”, nem que tenha marcado um encontro com o presidente Lula na ONU (Organização das Nações Unidas). Não há declarações do americano nem anúncios semelhantes nos canais oficiais ou na imprensa.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam cerca de 1.000 compartilhamentos no Facebook e 250 mil visualizações no Kwai até a tarde desta quinta-feira (18).
Trump manda Eduardo Bolsonaro calar a boca e marca encontro com Lula

Publicações nas redes afirmam, sem provas, que Donald Trump teria mandado Eduardo Bolsonaro “calar a boca e parar de atrapalhar os Estados Unidos”, e marcado um encontro com Lula para “negociar acordos importantes” durante a 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que ocorre entre os dias 22 a 26 de setembro.
Não há, no entanto, registros públicos de declarações semelhantes de Trump nos canais oficiais do governo americano, nas suas redes sociais ou na imprensa.
Encontro entre Lula e Trump. O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse em entrevista ao programa Roda Viva em 11 de agosto que uma reunião entre os líderes na ONU não estava nos planos do governo brasileiro.
Ele afirmou, porém, que “nada é imutável”, desde que existam gestos que justifiquem o encontro.
Na última quarta-feira (17), Lula declarou não ter “problemas pessoais” com Trump e que irá cumprimentá-lo caso eles se cruzem durante a Assembleia Geral. “Porque eu sou um cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo, eu estendo a mão para todo mundo”, afirmou.

Falso atrito. Também não há registros de que Trump tenha pedido a Eduardo Bolsonaro para “calar a boca” ou qualquer outra reprimenda. Desde fevereiro deste ano, o deputado federal está morando nos Estados Unidos, onde atua em prol de sanções econômicas contra o Brasil.
Em 11 de setembro, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para condenar Jair Bolsonaro (PL) à prisão, o presidente americano afirmou estar surpreso e disse considerar a decisão “terrível”.
Anteriormente, ao anunciar as tarifas de 50% na importação de produtos brasileiros, ele havia chamado o caso contra Bolsonaro de “caça às bruxas” e criticado a justiça brasileira.
Já o vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, declarou nesta quarta-feira (17) que o país seguirá avaliando medidas em resposta à condenação de Bolsonaro, mas não citou quais seriam elas.
If this report is accurate, it just confirms that the entire “judicial” process underway in Brazil is a political charade. Those who claim to be following the rule of law cannot increase the punishment of a criminal defendant in light of a third party’s response to their ruling.…
— Christopher Landau (@DeputySecState) September 17, 2025
A fala de Landau veio um dia após Eduardo Bolsonaro publicar uma carta direcionada a Trump, na qual ele classifica o pai como “refém” e elogia o presidente norte-americano, afirmando que ele “saiu vitorioso de todas as disputas contra outros líderes mundiais para proteger os interesses dos americanos”.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou declarações de teor similar na imprensa, nos canais oficiais dos governos brasileiro e americano, e nas redes sociais de Lula, Donald Trump e Eduardo Bolsonaro. Também complementamos a checagem com reportagens que contextualizam o tema.




