Não é verdade que o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, enviou uma carta em solidariedade a Pablo Marçal (PRTB) após a cadeirada que o ex-coach levou de seu adversário José Luiz Datena (PSDB) durante o debate da TV Cultura, como afirmam postagens nas redes. O porta-voz e conselheiro-sênior de Trump, Jason Miller, negou a informação.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam cerca de 77 mil curtidas no Instagram e milhares de visualizações no TikTok até a tarde desta quinta-feira (26).
Donald Trump manda carta pro Pablo Marçal

Diferentemente do que afirmam publicações enganosas nas redes, Donald Trump não enviou uma carta em solidariedade a Pablo Marçal após a cadeirada que o ex-coach levou no debate da TV Cultura. A própria assessoria de Trump negou a informação.
Em um vídeo gravado para suas redes sociais, o ex-coach agradeceu a Datena pela cadeirada e afirmou que, por conta do episódio, havia recebido uma correspondência da equipe de Donald Trump em tom solidário.
Procurado pelo Metrópoles, o porta-voz Jason Miller afirmou que “o presidente Trump não enviou nenhuma carta do tipo”.
Na manhã desta quinta-feira, Marçal rebateu a informação divulgada pelo portal ao divulgar o print de uma suposta carta enviada por Bethany Movassaghi, que se apresenta como consultora e captadora de recursos do Place America First.
O Place America First é classificado como um comitê de ação política (PAC). Nos Estados Unidos, um PAC é uma organização isenta de impostos que reúne contribuições de campanha a favor ou contra determinados candidatos e iniciativas eleitorais.
Diferente de outros tipos de comitês, os Super PACs mantêm somente despesas independentes, ou seja, não podem doar recursos diretamente aos candidatos, apenas criar ações independentes de apoio ou oposição a uma determinada campanha.
O Place America First, portanto, é um comitê pró-Trump, mas não representa a coordenação da campanha do republicano, já que isto é proibido pela legislação americana.
Além de não ter sido enviada pelo ex-presidente dos Estados Unidos ou por sua campanha, a correspondência não é datada, não cita o episódio da cadeirada e sequer foi endereçada a Marçal.
O texto foi enviado a Alex Barata, amigo do ex-coach, no que aparenta ser uma resposta a um contato anterior feito por ele. Nele, Movassaghi agradece pelo interesse de ambos em apoiar a candidatura de Trump e, após elogios cerimoniosos ao candidato, sugere uma parceria e doação em dinheiro para a candidatura do ex-presidente:
“Obrigado por atrair o interesse do senhor Pablo Marçal para apoiar o presidente Donald Trump. Esperamos que entenda nosso raciocínio para examinar todas as apresentações, e seu trabalho na construção desse relacionamento é fundamental para que possamos aprovar essa parceria no futuro (…). Estamos numa missão para angariar US$ 100 milhões para apoiar o presidente Trump por meio de uma combinação de campanhas digitais e de base, todas aprimoradas por tecnologia de IA de ponta.”
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou informações na imprensa e encontrou a negativa do porta-voz de Trump em uma reportagem do Metrópoles. Em seguida, analisamos a carta que Marçal publicou na tentativa de rebater a informação divulgada pelo site.
A partir de informações presentes na correspondência, Aos Fatos pesquisou sobre a organização Place America First em órgãos eleitorais americanos e verificou que o comitê não possui relação direta com a campanha de Donald Trump.