Desde o início da semana, publicações nas redes listam cidades e escolas que seriam alvos de supostos ataques, o que tem gerado pânico entre pais, alunos e professores. No TikTok, o assunto virou uma trend — como são chamados conteúdos que seguem um padrão, como o uso de músicas pop e coreografias específicas, com o objetivo de viralizar.
- O Radar Aos Fatos identificou 45 vídeos com a lista de supostos alvos de ataques circulando na plataforma no dia 10 de abril;
- Até então, os conteúdos somavam quase 5,6 milhões de visualizações;
- As publicações foram denunciadas à plataforma, mas até o momento apenas sete foram removidas — não é possível saber se as exclusões foram feitas pela empresa ou pelos próprios usuários;
- Mesmo com as exclusões, a trend aumentou o número de visualizações para 8,6 milhões, crescimento de 50% desde segunda-feira (10).
Os vídeos utilizam recursos que dão impulso à viralização, como músicas pop e imagens de artistas de k-pop dançando sobrepostas com listas de supostos alvos de ataques. Dessa forma, é possível encontrar os conteúdos na plataforma por meio dos áudios utilizados ou buscando por vídeos de músicas.
As legendas das publicações pedem que alunos faltem às aulas e relatam medo por parte deles. “Gente, é sério. Eu acabei de ver os nomes dos estados e das escolas que vão ser atacadas no dia 20 de abril e tem o nome do meu estado. Não sei se minha escola vai ser atacada, mas estou com medo”, dizia legenda de vídeo com mais de 600 mil visualizações.
Apesar dos vídeos continuarem no ar, a plataforma disse em nota ao Aos Fatos que está “trabalhando agressivamente para identificar e remover conteúdo que possa causar pânico ou validar farsas incluindo a restrição de hashtags relacionadas”. O TikTok ainda afirmou estar trabalhando junto com autoridades policiais em casos de “ameaças iminentes de violência”.
Na semana passada, após a chacina em uma creche de Blumenau (SC) que vitimou quatro crianças, o governo federal criou um grupo de trabalho interministerial visando combater a violência nas escolas, composto pelas pastas dos Direitos Humanos, Educação, Esporte, Justiça e Saúde.
A primeira medida do grupo foram solicitações de retiradas de conteúdo relacionados a ataques em escolas do Twitter e do TikTok. Também foi criado um canal de denúncias pelo Ministério da Justiça em parceria com a ONG Safernet.
Questionada, a pasta não respondeu quantas denúncias foram recebidas e se as solicitações de remoção pelas redes foram atendidas.
Na segunda-feira (10), o ministro Flávio Dino (PSB) se reuniu com as plataformas em caráter de emergência para tratar do assunto. Na ocasião, uma representante do Twitter argumentou que perfis que exaltavam autores de massacres escolares não feriam os termos de uso da plataforma, o que causou comoção entre os presentes e nas redes. No Twitter, viralizou a tag Twitter apoia Massacres.
Em março, o Aos Fatos mostrou uma comunidade no Twitter que promovia massacres em escolas e perfis na plataforma que haviam interagido com autor de ataque que matou uma professora na Escola Estadual Thomazia Montoro na Vila Sônia, em São Paulo.