🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Terroristas lucram ao transmitir atos golpistas; 23 de 47 lives no YouTube são monetizadas

Por Amanda Ribeiro, Bianca Bortolon, Milena Mangabeira e Tai Nalon

8 de janeiro de 2023, 19h51

Terroristas bolsonaristas que transmitiram no YouTube lives dos atos golpistas em Brasília neste domingo (8) arrecadaram dinheiro via doações ou mecanismos da própria plataforma, a despeito das diretrizes da plataforma, que proíbem conteúdos que “apoiem, promovam ou ajudem organizações criminosas ou extremistas violentas”. Segundo monitoramento do Radar Aos Fatos, 23 das 47 transmissões ao vivo de canais de extrema-direita tiveram alguma forma de monetização. Parte dessas lives já foram retiradas do ar pelos próprios canais.

Em transmissões que chegaram a mais de 300 mil visualizações, os canais bolsonaristas exibiram cenas de depredação e confronto com as forças de segurança na Praça dos Três Poderes. Enquanto alguns apenas comentam imagens que circularam nas redes, outros participaram dos atos in loco.

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Retransmissão. Bolsonaristas que não participaram dos atos lucraram com imagens de outros canais (Reprodução/YouTube)

Além das doações, 16 canais que monetizaram a transmissão também se beneficiaram com um aumento no número de seguidores: um deles passou de 106 mil para 112 mil inscritos durante a transmissão dos atos terroristas.

Entre uma série de pedidos enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal), a AGU (Advocacia-Geral da União) solicitou neste domingo a interrupção da monetização de perfis e canais que de alguma forma promoveram os atos.


Lucro. Donos de canais arrecadaram dinheiro com monetização do YouTube e com doações via Pix (Reprodução/YouTube)

Estão entre os canais que monetizaram suas transmissões:

  • O autodenominado bispo Santana, responsável por canal com 579 mil inscritos, não participou dos atos em Brasília, mas pediu doações via PIX ao retransmitir as imagens. Ele teve ao menos 18 mil visualizações simultâneas;
  • O influenciador bolsonarista Adriano Castro, ex-participante do Big Brother Brasil e conhecido na plataforma como Didi RedPill, registrou a movimentação no QG de Brasília durante a semana e também a depredação em Brasília. Apesar de seu vídeo, que acumulou 223 mil visualizações, não ter sido monetizado, ele foi retransmitido por outros criadores que arrecadaram dinheiro via YouTube ou pediram doações;
  • O responsável pelo canal Barba Notícias, que monetizou seus vídeos no YouTube e pediu doações via Pix, gravou todo o seu percurso até a manifestação, mas se afastou no momento do confronto com as forças de segurança;
  • Com canal verificado e quase 112 milhões de visualizações totais, o influenciador bolsonarista Alex Moretti também lucrou com a transmissão da invasão no YouTube. O vídeo mostrando a invasão chegou a acumular 18 mil visualizações simultâneas, mas foi retirado do ar pelo próprio Moretti.

Outro lado

Contatado por Aos Fatos, o YouTube afirmou que está monitorando a situação e removendo conteúdo que viola suas políticas, incluindo transmissões ao vivo e vídeos que incitam a violência. A plataforma disse ainda que passou a exibir com destaque conteúdo de fontes confiáveis na página principal, nas buscas e nas recomendações.

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