O ano de 2019 não é o que teve o menor número de queimadas registrado no Brasil nem o que obteve resultado inferior à média mensal desde 2000. Publicações nas redes sociais que anunciam tais conclusões em uma tabela (veja aqui) usam dados verdadeiros, apurados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para distorcer o cálculo da média e comparar anos anteriores, cujas informações estão consolidadas, com 2019, ainda em curso.
Se calculados corretamente, comparando os dados de 2019 com os de anos anteriores até agosto, este é o oitavo ano com mais queimadas desde 2000, e o segundo desde 2010.
A peça de desinformação foi enviada por leitores do Aos Fatos no WhatsApp como sugestão de checagem (inscreva-se aqui). Usuários do Facebook também denunciaram a publicação, que já acumulava ao menos 18 mil compartilhamentos até a tarde desta sexta-feira (30). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).
São duas as distorções que a tabela acima traz para sustentar o argumento, FALSO, de que 2019 é o ano com menor número de queimadas registradas no Brasil. 1) a média de focos de incêndio nos doze meses de um ano é usada em comparação ao dado de 2019, que só vai até agosto; 2) informações consolidadas de anos anteriores são confrontadas com o número ainda incompleto de 2019, o que invalida o comparativo.
O mais correto para saber em que patamar 2019 se encontra seria comparar o dado atual com os de anos anteriores somente até agosto. Com base nos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Aos Fatos verificou que, desta forma, 2019 é o oitavo ano com mais queimadas no país desde 2000.
Anos do governo Lula são os que mais apresentaram focos de incêndios no Brasil, como mostra o gráfico acima. Em 2005, por exemplo, foram registradas 142.036 queimadas até o dia 29 de agosto, cerca de 62% mais que em 2019.
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) publicou a tabela com as distorções em sua página oficial no Facebook na última quarta-feira (28), e, desde então, já reuniu mais de 18 mil compartilhamentos. Aos Fatos entrou em contato com ela, mas não houve retorno até a tarde desta sexta-feira (30).