🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

STF não decidiu em 2018 que vacinação obrigatória seria inconstitucional

Por Amanda Ribeiro

21 de dezembro de 2020, 13h30

Não é verdade que o STF (Supremo Tribunal Federal) tenha decidido em 2018 que a vacinação obrigatória era inconstitucional ao analisar o caso de imigrantes venezuelanos que seriam submetidos à imunização compulsória contra o sarampo pelo Ministério da Saúde. De acordo com peças que circulam nas redes (veja aqui), o julgamento teria ocorrido após ação movida pelo PSOL, o que não é atestado pelo arquivo do site da corte nem pelo partido.

Compartilhada no Facebook pelo pastor Silas Malafaia e no Twitter pelo ex-senador Magno Malta (PL-ES), a publicação acumulava ao menos 90 mil compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (21). O conteúdo também foi enviado por leitores do Aos Fatos como sugestão de checagem no WhatsApp (inscreva-se aqui). Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento do Facebook (saiba como funciona).


FALSO

Há dois anos, quando o Ministério da Saúde tentou obrigar os imigrantes venezuelanos a se vacinarem contra o sarampo, para entrarem no Brasil pela fronteira em Roraima, ocorreu aquela gritaria de Psol e companhia, e o STF impediu alegando que é inconstitucional obrigar alguém a tomar vacina

Um dia depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir em julgamento que o Poder Executivo pode adotar medidas restritivas contra quem não se vacinar contra a Covid-19, passou a circular nas redes sociais uma alegação sobre uma suposta decisão da corte em 2018 de que a vacinação compulsória seria inconstitucional. De acordo com as publicações, a resolução teria sido tomada em julgamento de ação ajuizada pelo PSOL contra a decisão do Ministério da Saúde de determinar a vacinação compulsória de imigrantes venezuelanos contra o sarampo. Nada disso é verdade.

Em busca na base de processos do STF, o Aos Fatos não encontrou nenhuma ação ajuizada pelo PSOL em 2018 contra o Ministério da Saúde. Questionadas, tanto a assessoria da corte quanto a do partido partido negaram a existência de processo semelhante.

As postagens citam como fonte uma reportagem publicada pela EBC em agosto de 2018 que afirma que o Ministério da Saúde estava elaborando uma nota técnica que recomendava a vacinação obrigatória contra o sarampo a todos os venezuelanos que ingressassem no Brasil. Na época, o país passava por um surto da doença e, embora a imunização obrigatória já estivesse prevista para imigrantes, não se estendia a turistas, profissionais ou outros cidadãos venezuelanos que estivessem no país. Não há, na matéria compartilhada pelas peças, menção a decisão do STF ou ação do PSOL contra a orientação do ministério.

Obrigatoriedade da vacina. Em julgamento encerrado na última quinta-feira (17), o STF decidiu, por 10 votos a 1, que o Poder Executivo — incluindo, além do governo federal, as gestões estaduais e municipais — podem adotar medidas restritivas contra indivíduos que não se vacinarem contra a Covid-19. O entendimento que prevaleceu na corte é que, por mais que a vacinação não possa ser forçada, é necessário adotar medidas restritivas para que a saúde coletiva não seja prejudicada por uma decisão individual.

A obrigatoriedade da vacina, no entanto, está prevista na lei brasileira desde 1975, época da sanção da lei 6.259, que instituiu o Programa Nacional de Imunizações. No texto, há previsão até mesmo da edição de medidas estaduais — com audiência prévia do Ministério da Saúde — para o cumprimento das vacinações. Outros textos legais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, também preveem a adoção de medidas contra os que não se vacinarem, como o pagamento de multa.

No que se refere à Covid-19, há ainda outra lei recente, de fevereiro de 2020, assinada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a lei 13.979, uma das formas de enfrentamento ao surto da doença pode ser a imunização compulsória, a ser adotada pelo Ministério da Saúde ou por estados e municípios.

Outro lado. O Aos Fatos contatou o pastor Silas Malafaia e o ex-senador Magno Malta para que comentassem a checagem. Até o momento de publicação deste texto, no entanto, não houve resposta.

A Agência Lupa e o Boatos.org também publicaram checagens semelhantes sobre a peça de desinformação.

Referências:

1. G1
2 STF
3. EBC
4. UOL
5. Aos Fatos
6. Planalto (Fontes 1, 2 e 3)


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

Esta checagem foi atualizada às 16h59 do dia 21 de dezembro para acrescentar nota enviada pela assessoria do STF. O selo não foi alterado.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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