Site e posts distorcem dados sobre gastos de Bolsonaro com cartão corporativo

Compartilhe

É distorcida a informação que Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro gastaram R$ 6,1 milhões com o cartão de crédito corporativo em sete meses de mandato, como afirma publicação do site Plantão Brasil (veja aqui) e postagens nas redes sociais. Segundo o Portal da Transparência, a despesa da Presidência com o cartão chegou a R$ 6,2 milhões até junho, último dado disponível, mas essa cifra inclui não só gastos do presidente e da primeira-dama, mas também da Secretaria de Administração, da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), da vice-presidência, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação).

Publicações que reproduzem a distorção já reúnem ao menos 11,5 mil compartilhamentos no Facebook. Todas foram marcadas com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona).


DISTORCIDO

Michelle e Jair Bolsonaro gastaram R$ 6,1 milhões com cartão de crédito presidencial em 7 meses e colocam sigilo nos gastos.

Apesar de os dados de julho ainda não estarem disponíveis, o valor gasto sob a rubrica da Presidência em cartões de crédito corporativo até junho é próximo ao citado pelas publicações checadas, de R$ 6,2 milhões. No entanto, a informação veiculada em posts no Facebook e no site Plantão Brasil é distorcida, pois a cifra não inclui apenas despesas do presidente e de sua mulher, mas também de outros órgãos vinculados ao Palácio do Planalto, como o GSI e a Abin.

Os dados apresentados pela coluna do jornalista Lúcio Vaz na Gazeta do Povo sobre gastos com o CPGF (Cartão de Pagamento do Governo Federal) pela Presidência na gestão Bolsonaro foram distorcidos ao serem reproduzidos em outros sites e posts nas redes sociais.

Na organização das contas públicas, sob o guarda-chuva de gastos da Presidência da República está a Secretaria de Administração, que abarca, entre outras despesas, os gastos diretos de Bolsonaro, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que tem entre atribuições a segurança do presidente, e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Somam-se ainda gastos efetuados por outros órgãos vinculados ao Planalto: o gabinete da vice-presidência, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e o ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação).

Dos R$ 6,2 milhões gastos em cartões corporativos nos seis primeiros meses na categoria Presidência da República, segundo o Portal da Transparência, as maiores despesas registradas são da Secretaria de Administração (R$ 3,253 milhões), da Abin (R$ 2,088 milhões) e do GSI (R$ 534 mil). A vice-presidência efetuou gastos de R$ 261 mil, a EBC, de R$ 43 mil, e o ITI, R$ 30 mil.

Outra informação que a publicação do Plantão Brasil traz a partir da coluna de Lúcio Vaz é sobre o sigilo dos gastos das atividades do presidente, o que é verdade, como pode ser conferido no Portal da Transparência. Colocar os gastos de cartão corporativo em sigilo é opcional e pode ocorre sempre que a divulgação dessa informação "implique risco ou dano aos interesses da sociedade e do Estado", de acordo com o decreto nº 7.845 de 2012.

Segundo a Secretaria de Administração da Presidência, em nota enviada a Vaz, as informações que puderem colocar em risco a segurança do presidente, vice-presidente e seus familiares ficarão sob sigilo até o final do mandato. Procurado por Aos Fatos nesta quarta-feira (7), o Palácio do Planalto não respondeu até a publicação desta checagem.

O CPGF é um cartão utilizado pelo governo como meio de pagamento e que possui similaridades com o cartão de crédito. Segundo o Portal da Transparência, o cartão corporativo pode ser utilizado para atender despesas eventuais e de pequeno valor que exigem pronto pagamento. São exemplos os gastos com alimentação, combustível, medicamentos e até materiais de construção.

Outro lado. O site Plantão Brasil, que veiculou a informação distorcida, tirou a matéria do ar e publicou uma errata com as correções. Segundo mensagem enviada ao Aos Fatos no dia 13 de setembro, o editor responsável pela matéria foi demitido.


Esta checagem foi atualizada às 11h23 do dia 13 de setembro de 2019 para acrescentar o outro lado do site Plantão Brasil.

Referências

  1. Portal da Transparência (1 e 2)
  2. Gazeta do Povo

Compartilhe

Leia também

falsoÉ falso que Congresso aprovou lei que proíbe casamento homoafetivo no Brasil

É falso que Congresso aprovou lei que proíbe casamento homoafetivo no Brasil

falsoLula teve uma hemorragia intracraniana, não um ‘derrame cerebral’

Lula teve uma hemorragia intracraniana, não um ‘derrame cerebral’

falsoVídeo usa dublagem falsa para inventar fala de Jay-Z sobre acusação de abuso sexual

Vídeo usa dublagem falsa para inventar fala de Jay-Z sobre acusação de abuso sexual