Sete fakes de 2024 que não vamos esquecer

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Essa é a última edição da A Que Ponto Checamos de 2024 e, para criar uma tradição anual, a equipe selecionou peças de desinformação memoráveis que desmentimos neste ano.


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Imagine a seguinte cena: a dois dias da eleição, um candidato a prefeito da maior cidade do país dá entrevista a um popular podcast e saca um laudo médico que provaria a internação de seu adversário por dependência química. Se fosse uma série de TV, muita gente acharia inverossímil. Mas isso aqui é Brasil e é São Paulo — no Rio não aconteceu porque… Vocês sabem.

A dupla dinâmica Amanda Ribeiro e Luiz Fernando Menezes desmentiu em tempo recorde o laudo mentiroso: pouco depois da meia-noite, nossa checagem já estava no ar. Essa agilidade foi fundamental para impedir que o estrago fosse ainda maior. (Leonardo Cazes, chefe de reportagem)

Em meio à crise das enchentes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, houve uma grande discussão envolvendo o arroz: se as enchentes tinham prejudicado ou não a safra, se o preço iria subir demais, se seria necessário importar…

Eis que começou a circular nas redes a informação — falsa, claro — de que o cereal que supostamente seria adquirido pelo governo federal estaria infectado com “a maior lombriga já vista modificada geneticamente”. Houve ainda uma versão na qual quem divulgava a mentira era o ator Will Smith por meio de uma dublagem falsa feita por IA. Criatividade digna de Oscar. (Luiz Fernando Menezes, repórter)

Ter que desmentir associações falsas entre câncer e as vacinas contra a Covid-19 não é novidade: durante a pandemia, foram inúmeras as checagens sobre esse tema. A surpresa recente veio no vídeo de uma médica paraense dizendo que o câncer de mama — que mata mais de 19 mil pessoas no Brasil por ano — é uma doença inexistente.

Além da insensibilidade de negar o sofrimento de doentes e familiares, o mais grave é que a própria médica dá orientações que, se postas em prática, podem piorar o quadro de um portador da doença. Uma desinformação cruel e desumana. (Marco Faustino, repórter)

Logo após a tentativa de atentado a bomba ao STF (Supremo Tribunal Federal), em novembro, passou a circular um vídeo que mentia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria tido um encontro com o autor do ataque, Francisco Wanderley Luiz. O homem na imagem, na verdade, era o empresário Joilton Padilha, dono de uma lanchonete em Cuiabá.

Peças que usam semelhanças físicas entre pessoas para desinformar são comuns, mas esta merece destaque por um detalhe descoberto durante a imersão da reportagem na gastronomia mato-grossense: Bolsonaro havia visitado o estabelecimento para provar uma iguaria chamada “baguncinha”. (Gisele Lobato, repórter especial)

A prisão do rapper e empresário Sean Combs, conhecido como Diddy, chocou o mundo do entretenimento. Apesar de as acusações serem reais, o escândalo alimentou uma série de teorias conspiratórias — muitas desmentidas pelo Aos Fatos.

O destaque foi para uma suposta música do cantor Justin Bieber, que teria mencionado as festas do rapper. A tal canção, que acumulou milhões de visualizações nas redes, não consta no catálogo de Bieber e nunca foi divulgada por veículos de mídia especializados — o que significa que, provavelmente, foi gerada por inteligência artificial. Ainda assim, é necessário admitir: ficou muito boa. (Bianca Bortolon, repórter)

Ainda existe no Brasil a visão colonialista de que pessoas indígenas devem viver isoladas do mundo, da tecnologia e do consumo. Foi se aproveitando disso que Kauri Waiãpi, conhecido nas redes como Daldeia, começou a fazer sátiras sobre as “benesses” de ser indígena.

Seus posts com tom humorístico — e ácido — chegam a enganar incautos ao mostrarem uma vida de “luxos”, que seria bancada por uma tal Bolsa Funai (que sequer existe). Kauri faz piada com o desconhecimento sobre a vida e a cultura indígenas. Só que, como nem todos sabem diferenciar sátira e vida real, por vezes seus conteúdos são tirados de contexto e passam a circular como se fossem verdade. (Milena Mangabeira, repórter)

Para participar dos Jogos Olímpicos de Paris, atletas brasileiros precisaram de muito treino e concentração. Na disputa por medalhas, cada movimento foi analisado em diferentes ângulos para definir o pódio. Também foi assim no quesito desinformação.

Ao comemorar a conquista da medalha de ouro, a ginasta Rebeca Andrade fez um gesto de número um, que, visto rapidamente por um ângulo indireto, ficou parecido com a letra “L”. Foi o que bastou para pessoas mal-intencionadas afirmarem que a atleta teria feito gesto de apoio ao presidente Lula (PT) durante os jogos. Na categoria desinformação, o Brasil disputa a medalha de ouro. (Ethel Rudnitzki, repórter)

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