🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Senador Contarato não disse que Lava Jato deveria ser anulada

Por Luiz Fernando Menezes

24 de junho de 2019, 16h26

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) não disse que os julgamentos e condenações decorrentes da Operação Lava Jato deveriam ser anulados, conforme publicação que circula nas redes (veja aqui). De acordo com a postagem, a afirmação teria sido feita durante sessão da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado que recebeu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, no dia 19 de junho. No entanto, não há registro de declaração semelhante naquele momento, e o senador emitiu uma nota em que nega tal afirmação.

Em sua fala durante a sessão, Contarato citou a teoria do fruto da árvore envenenada — “se a árvore está envenenada, os frutos também estão envenenados” — para argumentar que não se pode violar princípios democráticos como o da isonomia e da igualdade entre as partes.

A falsa declaração foi publicada por perfis pessoais e acumula, até a tarde desta segunda-feira (24), cerca de 3.600 compartilhamentos. O conteúdo foi marcados por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação do Facebook (entenda como funciona).


FALSO

‘A Lava Jato é uma árvore podre e deve ser anulada. Todos os julgamentos e condenações’, afirmou o Senador da Rede [Fabiano Contarato].

A frase acima tem sido compartilhada nas redes sociais juntamente com uma imagem do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) em sessão do Senado que convidou o ministro Sergio Moro para comentar as mensagens divulgadas por The Intercept Brasil. O senador, no entanto, não fez tal declaração e divulgou nota desmentindo a afirmação

Em pergunta a Moro, Contarato citou a teoria do fruto da árvore envenenada para falar sobre a imparcialidade do juiz, argumentar que não se pode violar o devido processo legal e questionar se os fins justificam os meios. Em sua fala, o senador fez referência ao artigo 157 do Código de Processo Penal para dizer que “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas. Se a árvore está envenenada, os frutos estão envenenados”.

Logo após, o ministro questionou o senador: “pelo que entendi da sua fala, o senhor defende a anulação de tudo, então?”. Contarato, então, respondeu: “Vossa Excelência está colocando palavras na minha boca. Em nenhum momento eu defendo a anulação [...]. O que estou questionando, e eu não estou entrando no mérito do diálogo [divulgado pelo site The Intercept Brasil], é que houve a quebra do princípio da quebra da imparcialidade quando o juiz, que tem que ser imparcial, mantém contato por inúmeras vezes com aquele que tem interesse 100% em uma concentração condenatória transitada em julgado”.

A fala completa do senador e do ministro pode ser conferida no vídeo abaixo:

Por meio de nota publicada em suas redes sociais, o senador disse que “são mentirosas mensagens que circulam afirmando que eu defendo a anulação de processos ou a absolvição de qualquer réu da Operação Lava Jato, bem como eu ser contra as investigações já realizadas”. O senador afirmou ainda: “Em resumo, perguntei se houve essa imparcialidade. A resposta não foi convincente porque não demonstrou que a acusação e a defesa tiveram o mesmo tratamento. Portanto, apurar se o juiz foi parcial, ou não, é uma coisa. Ir contra a Lava Jato é outra”.

Referências:

1. Âmbito Jurídico
2. Código do Processo Penal
3. Aos Fatos


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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