É falso que o Senado da Itália aprovou o chamado “tratamento precoce” para a Covid-19, conforme afirmam sites e postagens nas redes sociais (veja aqui). O texto aprovado no dia 8 de abril cita apenas a criação de uma agenda nacional unificada para o atendimento domiciliar de pacientes com a doença e em nenhum momento inclui o uso de remédios sem eficácia científica para prevenir ou tratar a infecção. O Ministério da Saúde italiano e as agências reguladoras do país também não recomendam o uso desses medicamentos.
As publicações enganosas contabilizam ao menos 5.109 compartilhamentos nesta segunda-feira (19) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação do Facebook (veja como funciona).
Senado da Itália aprova uso do tratamento precoce contra Covid-19. Por 212 votos a 2, senadores entenderam que o tratamento domiciliar pode salvar vidas
Postagens que têm circulado nas redes sociais afirmam que o Senado italiano autorizou o chamado “tratamento precoce” para Covid-19 — mas isso não é verdade. A moção aprovada pelos parlamentares no dia 8 de abril diz respeito à criação de uma estratégia nacional unificada para expansão e melhorias no tratamento domiciliar de pacientes com a doença. Nenhuma autoridade sanitária da Itália recomenda ou reconhece terapias sem comprovação científica contra o novo coronavírus.
As medidas aprovadas pelos senadores determinam atualização e implementação de novos protocolos por parte do Instituto Superior de Saúde (equivalente ao Ministério da Saúde), a Agenas (Agência Nacional de Serviço Sanitário), e a Aifa (Agência Italiana de Medicamentos). O texto inclui a ampliação de fornecimento de aparelhos para telemedicina, melhorias na rede de cuidados familiares e a criação de uma agenda nacional única para o setor, incluindo a formação de uma mesa de ministros para monitorar o setor.
Drogas. A moção não menciona o uso de medicamentos que, no Brasil, são atribuídos a um suposto “tratamento precoce”, como ivermectina, azitromicina, hidroxicloroquina, vitamina D e zinco.
A Aifa não inclui nenhuma dessas substâncias em sua lista oficial de medicamentos aprovados e recomendados para o tratamento da Covid-19 no país. O antibiótico azitromicina aparece inclusive em documento publicado em março de 2020 no qual é dito que a falta de evidências impede o uso do remédio sozinho ou associado a outras substâncias para infecções que não sejam bacterianas. O protocolo de atendimento domiciliar publicado em dezembro do ano passado repete a informação.
Outro documento da agência reguladora de medicamentos italiana publicado em dezembro não recomenda a hidroxicloroquina para pacientes em estágio inicial do novo coronavírus ou já hospitalizados.
Tratamento precoce. Até o momento nenhum estudo científico sólido revelou eficácia científica de nenhuma das drogas incluídas no suposto tratamento. O Aos Fatos já publicou checagens sobre o tema (veja alguns aqui, aqui e aqui).
O conteúdo enganoso também foi checado pela Agência Lupa e pelo G1.
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