🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Relatos em plataforma da Anvisa não provam que vacinas contra Covid-19 causaram mortes

Por Marco Faustino

28 de outubro de 2021, 14h14

Publicações que circulam nas redes sociais usam dados da plataforma VigiMed, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para afirmar que o órgão já reconhece milhares de mortes e de eventos adversos decorrentes de vacinas contra a Covid-19 no Brasil (veja aqui). As informações contidas ali, entretanto, não atestam que os imunizantes seriam inseguros, pois a ferramenta recebe e mostra informações enviadas por qualquer cidadão, sem necessidade de prova, e que não foram analisadas antes pela agência reguladora.

Postagens enganosas acumulavam centenas de compartilhamentos em publicações no Facebook nesta quinta-feira (28), e também circulam no WhatsApp (Fale com Fátima).


Anvisa informa que Vacinas para covid já têm 1.144 mortes suspeitas e mais de 15 mil reações adversas

Uma alegação que circula nas redes sociais lança suspeitas sobre a segurança das vacinas contra Covid-19 ao usar, sem contexto, dados de uma plataforma da Anvisa que compila e mostra relatos de eventos adversos enviados por qualquer cidadão, sem necessidade de provas ou verificação prévia do órgão regulador.

O texto afirma que constam na plataforma VigiMed milhares de mortes suspeitas e reações adversas relacionadas à imunização. Os dados, porém, não são conclusivos sobre problemas de fato associados à vacina, conforme explica um aviso na própria plataforma. Informações podem ser adicionadas à base por qualquer pessoa, mesmo sem qualificação como profissional de saúde. Não são, portanto, dados oficiais e averiguados.

A plataforma foi lançada em 2019, antes da pandemia de Covid-19, para dar transparência e publicidade às notificações recebidas. O sistema usado por ela é fornecido a vários países pelo Programa de Monitoramento Internacional de Medicamentos da OMS (Organização Mundial de Saúde), criado em 1968 para a disseminação rápida de informações sobre eventos adversos a medicamentos.

Em checagem anterior, Aos Fatos já havia verificado que, para enviar notificações para o painel, basta preencher um cadastro, sem a necessidade de provar identidade, relação com a área de saúde ou atestar evidências do que foi relatado.

“A fidelidade dos fatos notificados é de responsabilidade dos notificadores. A avaliação da Anvisa sobre estas notificações e o valor delas depende da qualidade do relato, para que seja estabelecido algum tipo de investigação”, esclarece a agência.

Entre o início da vacinação contra Covid-19 e o dia 17 de outubro, a plataforma recebeu 18.913 notificações de supostos eventos adversos decorrentes das vacinas. Destas, 1.188 sinalizaram morte como desfecho, número próximo ao citado na alegação checada.

Para tentar evitar que essas informações sejam utilizadas de maneira distorcida, há um aviso antes de ser possível acessar a base que afirma que “número de notificações não pode ser interpretado ou utilizado isoladamente para formular conclusões sobre a existência, severidade ou frequência de problemas associados a medicamentos e vacinas”. É dito ainda que seria impossível saber ao certo se as suspeitas relatadas estão de fato relacionadas ou foram causadas pelos fármacos.

A Anvisa informou ainda ao Aos Fatos que as vacinas em uso no Brasil são consideradas seguras, e que pessoas já imunizadas podem morrer por causas naturais ou por outros motivos de saúde — tendo em vista a taxa de mortalidade já conhecida para cada faixa etária da população brasileira.

A informação distorcida sobre os relatos enviados ao VigiMed também foi difundida pelo site Aliados Brasil. Procurada por Aos Fatos, a página não retornou.

Referências:

1. Anvisa (Fontes 1, 2 e 3)
2. Aos Fatos
3. OMS/UMC


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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