🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Quatro em cada 10 vítimas de homicídios são jovens pretos ou pardos

Por Ana Rita Cunha, Vanessa Franquilino e Sérgio Spagnuolo

20 de novembro de 2017, 01h00

A maioria dos homicídios de 2015 (53%) vitimaram jovens entre 15 e 29 anos, segundo os dados mais recentes do Datasus coletados para Aos Fatos com exclusividade pelo Instituto Igarapé. Jovens pretos e pardos correspondem ao grupo mais vulneráveis a assassinatos. Quatro em cada 10 vítimas de homicídios são jovens entre 15 e 29 anos, homens, pretos ou pardos.

Essa análise leva em conta apenas registros de óbito em que foi informada a idade do morto. Em 2015, ocorreram 58.040 homicídios, desse total, apenas 830 tinham idade ignorada.

Na população masculina preta, mais da metade dos homens assassinados (55%) tinha entre 15 e 29 anos. Entre os homens pardos, 56% dos assassinados também estavam nessa faixa etária. Entre os homens brancos, a proporção de jovens entre 15 e 29 anos assassinados foi de 46%.

Entre as mulheres, a maior parte da população feminina parda assassinada (42%) tinha entre 15 e 29 anos. Entre mulheres pretas e brancas, a maior parte das vítimas de homicídio tinha entre 30 e 49 anos, correspondendo a 45% e 40%, respectivamente, do total de homicídios de cada grupo.

A população preta e parda é a mais vulnerável a homicídios no Brasil. De acordo com o Datasus, dos 58.040 assassinatos registrados, 40.925 eram de pessoas pretas ou pardas, em 2015. Isso significa que 112 pessoas pretas ou pardas foram assassinadas por dia no Brasil, ou seja, uma a cada 13 minutos.

Os dados do Datasus são alimentados com informações do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. Esse sistema reúne todas as certidões de óbitos ocorridos no país. Para as análises apresentadas nesse texto, foram selecionadas apenas os óbitos causados por “agressões”, terminologia da Classificação Internacional de Doenças (CID10), da Organização Mundial da Saúde, para homicídios.

Nas certidões de óbito, a classificação racial é realizada por um agente externo ou por meio da documentação preexistente da pessoa falecida, utilizando as mesmas categorias raciais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): branca, preta, parda, amarela e indígena.

Estado civil e escolaridade. A baixa escolaridade é uma característica comum das vítimas de homicídio no Brasil. A maioria dos assassinados (51%) em 2015 tinha no máximo sete anos de estudo, ou seja, não completaram o ensino fundamental. Esses são os dados mais recentes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Homens pretos e pardos com até 7 anos de estudo corresponderam a 37% do total de vítimas de homicídio em 2015.

Considerando os grupos isoladamente, cerca de 60% dos homens pretos assassinados tinham até sete anos de estudo, entre os pardos esse número recua para 57% e entre os brancos foi de 50%.

Na população feminina, mulheres pretas e pardas de baixa escolaridade também estão mais vulneráveis a assassinatos. 54% das mulheres pretas e 50% das mulheres pardas assassinadas tinham até 7 anos de estudo. Entre as mulheres brancas, esse percentual foi de 39%.

A grande maioria das vítimas de homicídios, tanto entre homens quanto entre mulheres, era solteira. Para o total de vítimas do sexo masculino em 2015, 72% eram solteiros. Entre os homens pretos e pardos assassinados, essa fatia foi um pouco maior 76% e 75%, respectivamente. Entre homens branco, solteiros representam 67% dos assassinados.

Entre as mulheres, seis a cada dez vítimas de homicídio eram solteiras. Sendo que entre as mulheres pretas e pardas, sete em cada 10 mulheres assassinadas eram solteiras.

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