Posts enganam ao alegar que servidores dos Correios não receberam 13º salário

Compartilhe

É enganosa a alegação de que funcionários dos Correios deixaram de receber o 13º salário neste ano. Em nota enviada ao Aos Fatos, a estatal afirmou que o benefício foi pago na última sexta-feira (13). As publicações distorcem informações referentes a um desconto feito na folha de pagamento de cerca de metade dos funcionários da empresa para cobrir um rombo em um fundo de previdência.

O conteúdo enganoso foi enviado por leitores do Aos Fatos à Fátima, nossa robô checadora (fale com a Fátima). Nas redes, as peças desinformativas acumulavam 75 mil curtidas no Instagram e 2.500 compartilhamentos no Facebook.

Canetada do presidente dos Correios deixa funcionários sem 13 salário. Presentinho do papai Lula.

Post engana ao afirmar que os Correios não pagaram o décimo terceiro aos servidores em 2024 e distorce decisão sobre equacionamento de dívida do Postalis.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, cancelou o pagamento do 13º dos servidores da estatal neste ano. Em nota enviada ao Aos Fatos, a empresa desmentiu as alegações e informou que o benefício foi pago de maneira antecipada na última sexta-feira (13).

O documento em que a diretoria da estatal autoriza o pagamento foi publicado pela Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios), responsável por solicitar a antecipação.

As peças de desinformação compartilham uma coluna publicada no Diário do Poder no último domingo (15) e replicada nas redes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Diferentemente do que sugere o título, o texto explica que os servidores da estatal receberam o benefício, mas que uma parcela teve descontos na folha de pagamento decorrentes de um déficit existente em um fundo previdenciário.

Em nota ao Aos Fatos, a estatal explicou que, de fato, cerca de 39 mil dos 85 mil servidores da ativa sofreram um desconto na folha para custear o déficit do PBD (Plano de Benefício Definido), plano previdenciário complementar do Postalis saldado em 2008.

Os descontos no abono anual foram aprovados em 2020, ainda durante a gestão Bolsonaro, para equacionar a dívida contraída pelo fundo entre 2015 e aquele ano. Sem os cortes, a estimativa é que o PBD só seria capaz de cobrir seus compromissos até 2025.

Em fevereiro deste ano, os Correios assinaram um contrato de confissão de dívida e se comprometeram a transferir R$ 7,6 bilhões ao Postalis. A outra metade do rombo de R$ 15 bilhões será custeada pelos funcionários, conforme prevê a lei. Desde o governo Dilma, o Postalis foi alvo de uma série de investigações por suspeita de fraude e má gestão.

O caminho da apuração

Aos Fatos procurou os Correios por email e por telefone. Em busca nas redes, encontramos no site da Findect o documento em que a estatal se compromete a pagar de forma antecipada o 13º salário.

Para contextualizar o caso do rombo no PBD, buscamos notas oficiais publicadas no site dos Correios, documentos que citam as medidas adotadas para equacionar o déficit no fundo previdenciário e reportagens publicadas na imprensa.

Compartilhe

Leia também

falsoDaniela Lima não disse que projeto prevê censura da Bíblia

Daniela Lima não disse que projeto prevê censura da Bíblia

falsoVídeo mostra homem ameaçando manifestantes, não indígenas cobrando pedágio

Vídeo mostra homem ameaçando manifestantes, não indígenas cobrando pedágio

falsoÉ falso que Lula foi hostilizado em evento no Amapá

É falso que Lula foi hostilizado em evento no Amapá