É enganosa a alegação de que funcionários dos Correios deixaram de receber o 13º salário neste ano. Em nota enviada ao Aos Fatos, a estatal afirmou que o benefício foi pago na última sexta-feira (13). As publicações distorcem informações referentes a um desconto feito na folha de pagamento de cerca de metade dos funcionários da empresa para cobrir um rombo em um fundo de previdência.
O conteúdo enganoso foi enviado por leitores do Aos Fatos à Fátima, nossa robô checadora (fale com a Fátima). Nas redes, as peças desinformativas acumulavam 75 mil curtidas no Instagram e 2.500 compartilhamentos no Facebook.
Canetada do presidente dos Correios deixa funcionários sem 13 salário. Presentinho do papai Lula.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, cancelou o pagamento do 13º dos servidores da estatal neste ano. Em nota enviada ao Aos Fatos, a empresa desmentiu as alegações e informou que o benefício foi pago de maneira antecipada na última sexta-feira (13).
O documento em que a diretoria da estatal autoriza o pagamento foi publicado pela Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios), responsável por solicitar a antecipação.
As peças de desinformação compartilham uma coluna publicada no Diário do Poder no último domingo (15) e replicada nas redes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Diferentemente do que sugere o título, o texto explica que os servidores da estatal receberam o benefício, mas que uma parcela teve descontos na folha de pagamento decorrentes de um déficit existente em um fundo previdenciário.
Em nota ao Aos Fatos, a estatal explicou que, de fato, cerca de 39 mil dos 85 mil servidores da ativa sofreram um desconto na folha para custear o déficit do PBD (Plano de Benefício Definido), plano previdenciário complementar do Postalis saldado em 2008.
Os descontos no abono anual foram aprovados em 2020, ainda durante a gestão Bolsonaro, para equacionar a dívida contraída pelo fundo entre 2015 e aquele ano. Sem os cortes, a estimativa é que o PBD só seria capaz de cobrir seus compromissos até 2025.
Em fevereiro deste ano, os Correios assinaram um contrato de confissão de dívida e se comprometeram a transferir R$ 7,6 bilhões ao Postalis. A outra metade do rombo de R$ 15 bilhões será custeada pelos funcionários, conforme prevê a lei. Desde o governo Dilma, o Postalis foi alvo de uma série de investigações por suspeita de fraude e má gestão.
O caminho da apuração
Aos Fatos procurou os Correios por email e por telefone. Em busca nas redes, encontramos no site da Findect o documento em que a estatal se compromete a pagar de forma antecipada o 13º salário.
Para contextualizar o caso do rombo no PBD, buscamos notas oficiais publicadas no site dos Correios, documentos que citam as medidas adotadas para equacionar o déficit no fundo previdenciário e reportagens publicadas na imprensa.