Não é verdade que um vídeo que mostra milhares de pessoas vestidas de vermelho na avenida Paulista foi gravado durante o ato ocorrido no domingo (21). O conteúdo foi gerado por inteligência artificial e mostra uma simulação publicada nas redes antes do protesto contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia.
As peças enganosas somavam 3.000 curtidas no Instagram e milhares de visualizações no TikTok até a tarde desta segunda-feira (22).
Domingo. 21/09/2025. Avenida Paulista. São Paulo. Sem anistia para golpista. Lula 2026

Foi gerado por IA o vídeo que mostra a avenida Paulista tomada por manifestantes usando roupas vermelhas e gritando palavras de ordem contra a anistia aos golpistas condenados pelo 8 de Janeiro. No canto inferior direito da imagem, é possível notar o logo do Veo, ferramenta de geração de vídeos do Google.
Há ainda outros indícios de que o conteúdo foi criado artificialmente, como a cor e a textura plastificadas da imagem e o áudio com gritos em tom inexpressivo.
Por meio de busca reversa, Aos Fatos verificou que a gravação circula nas redes desde antes do protesto como uma espécie de simulação de público (veja abaixo).
Outros vídeos com propostas semelhantes também têm sido publicados no TikTok desde o dia 1º de setembro (veja aqui, aqui e aqui).
No último domingo (21), manifestantes se reuniram em diversas capitais do país para protestar contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro.
De acordo com o Monitor do Debate Político do Meio Digital, coordenado pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), cerca de 42,4 mil pessoas compareceram ao ato na avenida Paulista. Os manifestantes ocuparam oito quarteirões da via, segundo o instituto.
O caminho da apuração
Aos Fatos verificou a presença da marca d’água da ferramenta Veo, do Google, e confirmou que o registro foi gerado por inteligência artificial. Também foram analisadas as características visuais e sonoras do conteúdo, como cores, texturas e áudio, que indicavam tratar-se de uma criação artificial.
Para contextualizar, consultamos dados de monitoramento do Cebrap e da USP sobre a presença de público na avenida Paulista no dia do protesto.




