Um comparativo que circula em posts nas redes sociais (veja aqui) não prova que uma das faturas da compra da vacina Covaxin apresentadas pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid-19 tenha sido falsificada. Os dois documentos, apresentados um como falso e outro como verdadeiro pelas postagens, são, na realidade, atualizações da mesma fatura de aquisição do imunizante, como revelou o jornal O Globo.
As postagens enganosas somavam mais de 30 mil compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (1º) e foram marcadas por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação disponibilizada pela rede social (entenda como funciona).
Deputado Luís Miranda e seu irmão falsificam documentos para propagar fake news contra o presidente Bolsonaro.
Circulam nas redes sociais postagens que afirmam que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, teriam forjado um documento apresentado durante depoimento à CPI da Covid-19 no Senado. A alegação, entretanto, não pode ser provada pelas imagens referidas nas publicações, que são versões diferentes de uma mesma fatura e foram apresentadas pelos irmãos à CPI.
Os irmãos relataram à CPI (documento 1.257) que três documentos foram emitidos pela Madison Biotech, ligada à produtora da Covaxin: uma primeira versão em 18 de março de 2021, uma segunda no dia 22 daquele mês e uma correção desta última ainda na mesma data. As três versões constam no sistema interno do Ministério da Saúde, segundo verificou o jornal O Globo.
O documento classificado como “falsificado” pela publicação é semelhante à imagem da primeira nota emitida pela empresa. Nessa versão (veja abaixo), constava que o governo federal iria pagar o valor total do contrato adiantado pela aquisição de 300 mil unidades da vacina a US$ 150 cada.
O governo, então, questionou as informações e disse que o acordado eram 3 milhões de doses e a empresa respondeu que as unidades se referiam aos frascos, e não às doses das vacinas. Como cada frasco representaria 10 doses, o número estaria correto.
Já a fatura classificada como “documento original” bate com as imagens da terceira versão da nota (veja abaixo), na qual a informação de que o pagamento seria adiantado foi retirada e a quantidade de doses contratadas foi corrigida, para 3 milhões a US$ 15 cada.
Apuração. A tese de que Miranda teria falsificado um documento foi disseminada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, na quarta-feira passada (23): “A má fé é clara. A suspeita da falsificação é forte. A Polícia Federal e os peritos que vão determinar. O presidente já pediu e o chefe da Casa Civil já enviou ao ministro Anderson a abertura da investigação de todos os fatos pela Polícia Federal”. O inquérito para apurar a denúncia foi instaurado na última quarta-feira (30), ainda sem conclusão.
A imagem também foi checada pelo Comprova.
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