🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Postagem usa fotos antigas ao comparar fogo no Pantanal com incêndios pelo mundo

Por Luiz Fernando Menezes

9 de outubro de 2020, 16h55

As fotos que compõem uma galeria que tem sido compartilhada nas redes para minimizar as queimadas que atingem o Pantanal (veja aqui) não mostram incêndios florestais recentes. Cinco das seis imagens não foram registradas em 2020, incluindo a que supostamente mostraria a devastação atual do bioma brasileiro.

O álbum, que acumulava ao menos 12 mil compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (9), foi marcado com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona). Esta classificação é empregada em publicações que mesclam informações verdadeiras e falsas.


DISTORCIDO

Uma galeria de seis fotos vem sendo compartilhada nas redes para tentar minimizar os impactos dos incêndios que atingem o Pantanal brasileiro. De acordo com a peça, além do bioma brasileiro, regiões nos EUA, na Austrália, na Rússia, na Espanha e na Croácia também estariam sofrendo com queimadas. Conforme verificado em busca reversa, no entanto, apenas uma das fotos mostra incêndios recentes.

A postagem já desinforma na primeira imagem, que supostamente ilustraria as queimadas atuais no Pantanal. A foto, registrada por Chico Ribeiro, e publicada no site do governo de Mato Grosso do Sul, mostra, na verdade, um incêndio que atingiu o bioma nas proximidades da BR-262 em outubro de 2019.

A imagem utilizada para ilustrar os incêndios ocorridos no estado americano da Califórnia foi registrada em 2012 por Helen Richardson, do Denver Post. Segundo a legenda, um bairro da cidade de Colorado Springs teria sido atingido pelo fogo florestal da região do Waldo Canyon.

É fato, no entanto, que o estado da Califórnia está sofrendo com incêndios. Segundo o Guardian, o fogo que atinge o estado chegou ao recorde histórico de destruição: foram 1,6 milhões de hectares devastados desde o começo do ano.

Já a imagem cuja localização é identificada como sendo na Austrália foi publicada no New York Times em uma reportagem do dia 1º de janeiro deste ano. De autoria do fotógrafo Matthew Abbot, ela mostra um dos incêndios que atingiram o país entre o final de 2019 e março de 2020. Ao menos 25 pessoas morreram e 5,5 milhões de hectares de terra foram destruídos.

O registro que mostraria um incêndio na Espanha, além de ser antigo, também erra em sua localização. Segundo a descrição da foto, que está disponível em diversos bancos de imagem desde 2013, trata-se de uma fotografia feita por Paulo Pires em uma floresta de Portugal.

A foto apontada como sendo da Croácia também é antiga: ela foi registrada pela equipe da AFP Photo em julho de 2017, quando a costa do país estava sendo destruída por incêndios florestais. Na época, a estimativa era de que 4.500 hectares de terra tinham sido devastados.

Por fim, a única foto que realmente foi registrada recentemente é a que mostra uma floresta incendiada na Sibéria, na Rússia. Publicada em julho deste ano no site do Greenpeace, a imagem documenta o fogo na região de Krasnoiarsk, no oeste da Sibéria. Até o dia 23 de julho, os incêndios florestais já haviam atingido 1,62 milhão de hectares, uma área maior do que todo o território da Grécia.

Incêndios no Pantanal. De acordo com dados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) consultados na tarde desta sexta-feira (9), já foram identificados neste ano 19.557 focos de incêndio no Pantanal brasileiro. Esse número é bem maior do que o recorde registrado em 2005, quando foram identificados 12.536 focos em todo aquele ano.

Os dados mostram ainda que o ano de 2020 registrou a maior devastação do bioma por queimadas até hoje: foram 32.910 km² de janeiro até setembro. Em todo o ano de 2005, foram devastados 27.472 km².

O Estadão Verifica também produziu uma checagem sobre a peça de desinformação.

Referências:

1. Governo do Mato Grosso do Sul
2. Denver Post
3. The Guardian
4. NY Times (Fontes 1 e 2)
5. TinEye
6. Yahoo
7. The Moscow Times
8. Inpe (Fontes 1 e 2)


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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