🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Políticos brasileiros não assinaram pedido de internacionalização da Amazônia

Por Luiz Fernando Menezes

29 de agosto de 2019, 12h43

É falsa a informação que circula nas redes sociais que o presidente francês, Emmanuel Macron, levou ao G7 um documento assinado por, entre outras pessoas, políticos brasileiros de esquerda pedindo a internacionalização da Amazônia (veja aqui). Na verdade, o texto que traz as assinaturas foi publicado pelo jornal francês Libération no dia 27 de julho e pede que Macron recuse o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que, na visão dos signatários, aumentará a destruição do meio ambiente.

Publicações que trazem a desinformação foram denunciadas por usuários do Facebook, onde as postagens já acumulavam mais de 2.000 compartilhamentos até a tarde desta quinta-feira (29). Todas elas foram marcadas por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona).


FALSO

Lista de assinaturas no documento encaminhado ao G7 por Macron para medidas de internacionalização, (invasão), da Amazônia e contra o acordo Mercosul / UE, pasmem, vejam quem assinou o pedido para que o G7 ‘tomasse a Amazônia do Brésil’.

Um manifesto publicado no jornal francês Libération no dia 27 de julho circula nas redes sociais como se fosse um documento encaminhado ao G7 pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pedindo a internacionalização da Amazônia. No entanto, além de não ter sido encaminhado ao G7, o texto não tem qualquer menção à internacionalização ou à invasão do bioma.

Na verdade, o material publicado pelo Libération é um pedido assinado por 51 pessoas, entre elas 10 políticos brasileiros, para que a França recuse o acordo entre a União Europeia e o Mercosul divulgado no dia 28 de junho. “A entrada em vigor do acordo amplificará a destruição do meio ambiente e as mortes que resultam das ações do agronegócio”, diz o manifesto. Segundo o texto, é necessário adotar normas mais rigorosas de proteção ambiental e dos trabalhadores no Brasil.

Os brasileiros que assinam o texto são: os deputados federais Glauber Braga (PSOL-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), David Miranda (PSOL-RJ), Paulo Pimenta (PT-RS), Gleisi Hoffmann (PT-PR), o senador Humberto Costa (PT-PE), além dos líderes de movimentos Vagner Freitas (CUT), Guilherme Boulos (MTST) e Pedro Stédile (MST).

As únicas duas vezes que a publicação do Libération traz a palavra “Amazônia” (“amazonienne”, em francês) é na legenda da foto que ilustra o texto e no trecho que diz “esperamos que Jean-Yves Le Drian [chanceler francês] tenha reservado em seu diário uma visita às margens da Floresta Amazônica, onde o desmatamento sofreu uma aceleração de 88% desde 2018”. No dia em que o texto foi publicado, o ministro visitava o Brasil.

Le Drian, inclusive, iria se reunir com Bolsonaro no dia 29 de julho, mas o presidente cancelou a reunião de última hora, alegando “problema de agenda”. Mais tarde, apareceu cortando o cabelo em um vídeo transmitido ao vivo em suas redes sociais. Le Drian, uma semana depois, ironizou Bolsonaro: “todo mundo conhece as restrições próprias das agendas dos chefes de Estado. Ao que parece, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação que é estranha para mim”.

A Agência Lupa também checou a publicação como FALSA.

Referências:

1. Libération
2. Aos Fatos
3. Embaixada francesa
4. O Globo (Fontes 1 e 2)


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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