Políticos pagam anúncios ilegais no Instagram para favorecer Nunes e Boulos

Compartilhe

Contrariando a Lei Eleitoral, vereadores, prefeitos eleitos e deputados estaduais têm impulsionado anúncios no Instagram e no Facebook para favorecer ou prejudicar as campanhas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que disputam o segundo turno em São Paulo.

  • Aos Fatos identificou 55 anúncios pagos nas plataformas da Meta entre os dias 8 e 23 de outubro;
  • Desses, 28 eram favoráveis a Nunes e 9 a Boulos;
  • Outros 18 dirigiam críticas e ataques aos candidatos — 11 contra Nunes e 7 contra Boulos;
  • Juntos, os conteúdos somaram cerca de 2 milhões de visualizações, a um custo estimado entre R$ 8.800 e R$ 15 mil.

Em entrevista ao Aos Fatos, a coordenadora-geral da Abradep (Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político), Vânia Aieta, afirmou que os impulsionamentos podem infringir duas normas sobre propaganda política do TSE (Tribunal Superior Eleitoral):

  1. A que determina que apenas candidatos e partidos políticos podem pagar por anúncios de campanha nas redes;
  2. A que proíbe o impulsionamento de propaganda negativa.

“Embora tenham acabado as eleições para vereador, persiste a vedação do impulsionamento para quem foi para o segundo turno”, afirmou a especialista. “Ou seja, postar favoravelmente ao candidato de predileção, tudo bem, mas não poderia impulsionar.”

Os parlamentares que mais fizeram anúncios irregulares foram o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) e o vereador paulistano Paulo Frange (MDB). Cada um dos políticos pagou por dez impulsionamentos.

Aliado de Boulos, Gianazzi fez oito anúncios favoráveis ao psolista e outros dois com críticas a Nunes. Em um deles, o candidato à reeleição é chamado de “o pior prefeito que São Paulo já teve”.

Print de anúncio do deputado Carlos Giannazi que ataca o prefeito à reeleição Ricardo Nunes
Deputado pediu voto contrário em Nunes em anúncio no Instagram (Reprodução)

Já Frange impulsionou publicações que divulgavam o número de urna e hashtags favoráveis à reeleição de Nunes.

Print de anúncio do vereador Paulo Frange que apoia a reeleição de Ricardo Nunes à prefeitura de São Paulo.
Anúncio pago por vereador divulga slogan de campanha de Nunes (Reprodução)

Outros anúncios

Aos Fatos também encontrou impulsionamentos de campanha pagos por páginas que não pertenciam a políticos.

A Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), por exemplo, publicou dez anúncios a favor de Boulos e contra Nunes. A página chegou a impulsionar conteúdos oficiais da campanha do psolista.

Já a página Notícias São Gonçalo impulsionou um post com propaganda negativa contra Boulos e outros dois candidatos que disputam o segundo turno para prefeituras de outras cidades.

Anúncio desaconselha cristãos a votarem em Boulos em São Paulo e em Rodrigo Neves em Niterói dizendo que ‘estão tentando enganar os evangélicos’.
Página impulsionou vídeo do pastor Silas Malafaia com ataques a candidatos a prefeito (Reprodução)

Outro lado. Aos Fatos questionou as páginas e políticos responsáveis pelos impulsionamentos irregulares, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. Não foi possível localizar o contato da página Notícias São Gonçalo. O espaço permanece aberto para manifestação.

O camiho da apuração

Aos Fatos buscou na Biblioteca de Anúncios da Meta por publicações com o nome dos candidatos à Prefeitura de São Paulo e localizou os impulsionamentos feitos por políticos e terceiros. Consultamos então a legislação eleitoral e uma especialista sobre potenciais violações presentes nos conteúdos.

Referências

  1. TSE

Compartilhe

Leia também

Relator suaviza texto, e comissão adia votação de projeto sobre IA mais uma vez

Relator suaviza texto, e comissão adia votação de projeto sobre IA mais uma vez

falsoCriminosos usam IA para adulterar vídeo do senador Cleitinho e aplicar golpe

Criminosos usam IA para adulterar vídeo do senador Cleitinho e aplicar golpe

falsoÉ falso que Carrefour suspendeu boicote ao Brasil após CEO falar com Musk e Bolsonaro

É falso que Carrefour suspendeu boicote ao Brasil após CEO falar com Musk e Bolsonaro