PMDB usa dado errado sobre apoio a Collor para convencer deputados pelo impeachment

Compartilhe

Integrantes da oposição têm usado na Câmara o argumento de que 37 dos 38 deputados que votaram contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, não se reelegeram. Segundo essa versão, apenas o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que era contra o afastamento do então presidente, sobreviveu politicamente.

No último sábado (9), o PMDB publicou em sua conta oficial no Twitter a mesma afirmação, conclamando deputados a votar favoravelmente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff devido aos "ensinamentos da história".

Aos Fatos checou essas afirmações e verificou que 26 dos 38 deputados permaneceram ativamente na vida política — sendo 21 deles com algum tipo de mandato eletivo. A reportagem conferiu se os deputados em questão disputaram cargos nas eleições de 1994 para qualquer dos cargos do Executivo e do Legislativo. Também verificou se os políticos continuaram na vida pública e na órbita do poder, mesmo sem mandato.

Veja, abaixo, por que demos o selo FALSO à afirmação do PMDB.


FALSO
Dos 38 deputados que votaram contra o impeachment do Collor em 1992, 37 não se elegeram mais, nem para síndico de prédio. Fica o lembrete aos nossos caros deputados. Apenas Roberto Jefferson se reelegeu.

A lista de votantes na sessão da Câmara que aprovou em 1992 o processo de impeachment de Collor relaciona 38 deputados contra o afastamento do então presidente. Desses, 13 se reelegeram deputados federais em 1994, pleito imediatamente posterior à queda do agora senador por Alagoas. É o caso de Roberto Jefferson, citado pelo PMDB, mas também de Abelardo Lupion (DEM-PR), Átila Lins (PSD-AM) e Nelson Marquezelli (PTB-SP) — os três com mandato de deputado atualmente e os dois últimos favoráveis ao impeachment de Dilma.

O político de atuação mais destacada desse grupo foi Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), morto em 1998. Filho do então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o deputado era líder do governo na Câmara sob Fernando Henrique Cardoso e cotado para disputar as eleições presidenciais em 2002.

Veja quem são e como estão todos os 38 políticos em nossa tabela detalhada.

Dos 38, outros 13 não se reelegeram em 1994, mas voltaram a ocupar cargos públicos pouco depois. Alguns viraram prefeitos, deputados, senadores, chefes de estatais e secretários de estado e municípios.

O caso mais emblemático é o de Euclydes Neto (PTB-AL), que é, hoje, primeiro suplente do próprio ex-presidente Fernando Collor no Senado. Entre 2007 e 2008, quando Collor se licenciou para disputar o governo de Alagoas, Neto assumiu seu posto.

Outro que não se reelegeu em 1994, mas tem atuação política influente no Congresso ininterruptamente desde 1999 é o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), líder de seu partido na Casa e notório apoiador do impeachment de Dilma. Naquele ano, disputou as eleições para o governo de Goiás e terminou a campanha em terceiro lugar.

Paulo Octávio (então PRN-DF) também teve atuação destacada quando voltou à Câmara, em 1999. Em 2002, elegeu-se senador. Em 2006, virou vice-governador do Distrito Federal na chapa de José Roberto Arruda (PR, ex-DEM), que viria a ser cassado devido aos desdobramentos do escândalo do mensalão do DEM. Octávio assumiu o mandato no lugar do ex-governador, mas renunciou semanas depois.

Fonte: Câmara dos Deputados e CPDOC FGV

Os demais 12 deputados que não se reelegeram têm histórias diferentes. Cinco desses desistiram da vida pública e não se candidataram mais a nada. Os demais tentaram a reeleição, não conseguiram e não assumiram mais qualquer outro cargo eletivo ou ligado à administração pública.

Portanto, a afirmação do PMDB, de que apenas um deputado aliado a Collor se reelegeu, não tem qualquer amparo factual. FALSO.

Compartilhe

Leia também

falsoCena registra tornado nos EUA, não no Paraná

Cena registra tornado nos EUA, não no Paraná

falsoFoi gerada por IA cena que mostra passagem de tornado por cidade do Paraná

Foi gerada por IA cena que mostra passagem de tornado por cidade do Paraná

falsoGravação que registra navio da COP30 em chamas foi gerada por inteligência artificial

Gravação que registra navio da COP30 em chamas foi gerada por inteligência artificial

fátima
Fátima