Grupo católico fez campanha nas redes a favor do PL do Aborto para pressionar deputados

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Com votação simbólica, quando não há registro individual dos votos dos deputados, a Câmara aprovou nesta quarta-feira (12) a tramitação em regime de urgência do PL 1.904/2024, que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio — mesmo em caso de estupro, situação em que o procedimento é legalizado.

A quatro meses das eleições municipais, parlamentares articularam para que não precisassem assumir seus votos em público — e, desta forma, não desagradassem nem a parcela do eleitorado favorável ao projeto, nem a parcela oposta.

A mensagem mais compartilhada em grupos de Telegram monitorados pelo Radar Aos Fatos foi enviada pelo canal do grupo católico ultraconservador Centro Dom Bosco e fazia uma campanha para as pessoas pressionarem deputados pela aprovação do projeto.

O texto incluía um link para um vídeo de 13 minutos no YouTube, publicado na última segunda (10), em que um homem de terno repete a justificativa usada no projeto e compartilha uma lista com os contatos dos parlamentares.

"👊 Semana decisiva para a VIDA! O PL1904 está para ser votado amanhã! Este projeto, se aprovado, fará com que os médicos parem de fazer aborto porque serão considerados homicidas perante a lei", dizia a mensagem, que teve 2,4 mil visualizações no Telegram.

No vídeo, o apresentador ressalta: “Estamos pedindo para vocês não apenas que escrevam uma mensagem aos parlamentares nas redes sociais, mas principalmente que liguem”. Até a tarde desta sexta (14), o conteúdo somava 36 mil visualizações no YouTube.

A gravação também orientava os seguidores a usar a hashtag #PL1904 e compartilhar as orientações e publicações com seus contatos através de vídeos. “Será muito mais convincente e poderá incentivar um número muito maior de pessoas.”

O Centro Dom Bosco também promoveu outro vídeo, com a participação da atriz Cássia Kis, que somou mais de 17 mil visualizações.

Os vídeos repetiam argumentos desinformativos presentes na justificativa do PL 1.904/2024, entre eles de que não existiria aborto legal após 22 semanas de gravidez, omitindo protocolos e normas sobre o tema.

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