Pesquisa eleitoral que aparece em vídeo não foi registrada no TSE

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Não mostra uma pesquisa eleitoral registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o vídeo em que um homem não consegue escolher a opção relativa ao presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) em um levantamento realizado por telefone (veja aqui). As perguntas citadas no vídeo não correspondem a nenhum dos questionários das pesquisas registradas na Justiça Eleitoral em 2018 e 2022, conforme levantamento feito por Aos Fatos. O registro é obrigatório para pesquisas divulgadas publicamente em anos eleitorais.

Postagens que compartilham o vídeo enganoso somavam 55 mil reproduções no Instagram e circulam também no Twitter e no Facebook nesta quinta-ffeira (3).


Selo não é bem assim

Pesquisa eleitoral por telefone não aceita o voto no presidente Jair Bolsonaro. Será que o TSE vai investigar essa pilantragem?

Posts difundem vídeo para alegar que pesquisa por telefone foi manipulada para desfavorecer o presidente Bolsonaro, mas não há qualquer registro no TSE.

Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem não consegue optar pelo presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro em uma pesquisa eleitoral por telefone, com o pedido para que o TSE investigue o caso. O questionário que aparece no vídeo não corresponde a uma pesquisa eleitoral registrada na Justiça Eleitoral.

Na peça desinformativa, uma voz automatizada questiona, do celular: “E se houver um segundo turno entre Bolsonaro e Lula, hoje, em quem você votaria?”. O Aos Fatos verificou todos os questionários eleitorais submetidos ao PesqEle — plataforma de registro de pesquisas do TSE — nos anos de 2018 e 2022 e não encontrou a pergunta que aparece no vídeo. Em anos eleitorais, todos os levantamentos de intenção de voto que são divulgados publicamente precisam ser registrados no PesqEle, segundo resolução do TSE.

Na pesquisa mostrada nas cenas, o eleitor escolheria seu candidato por meio de números: Jair Bolsonaro corresponde ao dígito 1; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao 2; se a intenção for votar branco ou nulo, o dígito é 3; e se não sabe ou não quer responder, dígito 4. O eleitor não identificado seleciona o algarismo 1 e a opção aparece como inválida. O formato da pesquisa corresponde a levantamentos feitos por ligações telefônicas automatizadas, como é o caso do PoderData, do site Poder360, que nega a autoria.

“Não é a gravação que utilizamos, nem o script/questionário, que pode ser verificado nos registros das pesquisas do PoderData no TSE. Isso fica claro porque, nas pesquisas mais recentes, a opção correspondente a Bolsonaro é a opção 3. Outro ponto é que nós utilizamos a palavra ‘tecle’ antes de dizer o número”, afirmou Rodolfo Costa Pinto, coordenador do instituto.

A maioria dos institutos de pesquisa do Brasil usa levantamentos feitos presencialmente ou por telefone em formato não-automatizado, ou seja, o eleitor é questionado por uma pessoa real, não uma gravação. No período eleitoral, entretanto, campanhas, partidos e agentes econômicos como grandes empresas e bancos contratam serviços de pesquisas telefônicas para o monitoramento diário do cenário eleitoral, que não precisam ser registradas no TSE. “É possível que a pesquisa no vídeo seja uma dessas, sem registro e para consumo interno de uma campanha”, avalia Costa.

O Aos Fatos não conseguiu localizar a origem do vídeo nem reproduzir o resultado ao telefonar para o número, que seria de Rio Verde (GO). Não houve retorno após três tentativas de contato.

As peças checadas também colocam em dúvida se o TSE investigará o caso. Como o Aos Fatos explicou em junho, a corte eleitoral não regula a metodologia das pesquisas nem fiscaliza o seu conteúdo. “A legislação brasileira não concede à Justiça Eleitoral a prerrogativa de fiscalizar os registros de pesquisas de opinião de voto”, informou o TSE.

A última pesquisa Datafolha, publicada em 29 de julho e feita de forma presencial, apontou para a liderança do ex-presidente Lula nas intenções de voto para a Presidência da República.


Aos Fatos integra o Programa de Verificação de Fatos Independente da Meta. Veja aqui como funciona a parceria.

Referências

  1. TSE (1 e 2)
  2. Poder360 (1 e 2)
  3. Should Dial Answer
  4. Aos Fatos
  5. Datafolha

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