Parecer da PGR contra prisão de Jair Bolsonaro é de abril, não recente

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Não é verdade que a PGR (Procuradoria-Geral da República) tenha se manifestado recentemente contra um pedido de prisão de Jair Bolsonaro (PL). As publicações tiram de contexto um parecer do órgão de abril sobre uma notícia-crime apresentada por uma vereadora do PT. O caso não tem relação com a prisão domiciliar recém-decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.

O conteúdo enganoso acumulava cerca de mil compartilhamentos no X, dezenas de compartilhamentos no Facebook e centenas de visualizações no TikTok até a tarde desta sexta-feira (15).

Urgente! PGR se manifesta contra pedido de prisão de Bolsonaro

A imagem mostra, na parte central, uma cena com vários homens em no plenário. Ao centro, um homem de terno escuro e gravata clara está sentado à mesa, segurando um microfone. À esquerda dele, um homem calvo de óculos e gravata vermelha está sentado, e outro homem de terno azul se inclina em direção a ele. À direita, em pé, há um homem de barba grisalha, terno bege e gravata roxa. Na parte superior, há uma faixa azul com letras grandes em amarelo que formam a palavra 'URGENTE!'. Na parte inferior, sobre uma faixa azul com degradê, está o texto em letras maiúsculas: 'PGR SE MANIFESTA CONTRA PEDIDO DE PRISÃO DE BOLSONARO', com 'DE PRISÃO DE BOLSONARO' em cor amarela. No centro inferior da cena, sobre a mesa, há um cronômetro digital marcando '00:00' em números vermelhos.

Publicações nas redes enganam ao sugerir que a PGR se manifestou recentemente contra um pedido de prisão de Jair Bolsonaro. As peças de desinformação compartilham um parecer do órgão de 2 de abril que respondia a uma notícia-crime protocolada pela vereadora do Recife Liana Cristina (PT-PE).

À época, a política solicitava a prisão preventiva do ex-presidente após ele convocar apoiadores para um ato no Rio de Janeiro em defesa da anistia de envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro. Segundo ela, o risco à ordem pública e à instrução processual justificariam a detenção.

A PGR, no entanto, argumentou que a vereadora não tinha legitimidade para apresentar tal solicitação ao STF e que o material enviado não continha elementos suficientes para justificar uma prisão:

“Os relatos dos noticiantes não contêm elementos informativos mínimos, que indiquem suficientemente a realidade de ilícito penal, justificadora da deflagração da pretendida investigação”, afirmou na ocasião o procurador-geral Paulo Gonet.

O conteúdo desinformativo também inclui o trecho de uma fala do deputado federal Coronel Meira (PL-PE) durante uma sessão da Câmara de 2 de abril em que ele cita a manifestação contrária da PGR.

Sem informar a data ou o contexto, as publicações induzem o público a acreditar que a fala se refere a um episódio recente, relacionado ao julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal) ou à prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes em 4 de agosto.

Em 26 de março, a 1ª Turma do STF aceitou a denúncia e tornou Bolsonaro e sete de seus aliados réus sob acusações de arquitetar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. O ex-presidente aguarda julgamento.

Além disso, atualmente, Bolsonaro está em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares impostas em 17 de julho, no âmbito de um inquérito que investiga o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo, obstrução de investigação relacionada a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Embora Eduardo seja o principal investigado, a Polícia Federal identificou indícios de participação do ex-presidente nos mesmos delitos e solicitou a adoção de medidas cautelares contra ele. A PGR também destacou a possibilidade de fuga como um fator determinante para a imposição das medidas cautelares.

O caminho da apuração

Por meio de busca reversa, Aos Fatos encontrou a sessão da Câmara em que foi gravada a fala do deputado Coronel Meira (PL-PE), constatando que ela ocorreu em 2 de abril. Em seguida, buscamos notícias sobre a manifestação para entender o contexto em que ela ocorreu. Também complementamos a checagem com informações sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF e sua recente prisão domiciliar.

Referências

  1. CNN Brasil (1 e 2)
  2. YouTube (Câmara dos Deputados)
  3. Aos Fatos (1 e 2)

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