Paraguai não fez alerta sobre risco de bebidas com metanol do Brasil

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Não é verdade que o Paraguai emitiu um alerta à sua população sobre o risco de comprar bebidas com metanol do Brasil. Aos Fatos não encontrou nenhuma notificação semelhante nos canais oficiais do governo do país vizinho. O post que circula nas redes foi originalmente publicado por um perfil de humor no Instagram.

O conteúdo enganoso foi enviado por leitores do Aos Fatos à Fátima, nossa robô checadora (fale com a Fátima). As publicações falsas também acumulam 4.000 curtidas no Instagram, centenas de compartilhamentos no Facebook e centenas de visualizações no TikTok.

Governo paraguaio emite alerta sobre risco de comprar bebida adulterada no Brasil.

Print de publicação que circula nas redes que mostra as bandeiras do Brasil — nas cores verde, amarelo e azul, com uma faixa branca escrito ‘ordem e progresso’ e 27 estrelas — e do Paraguai — com três faixas nas cores vermelho, branco e azul (de cima para baixo) e ao centro está escrito ‘República del Paraguay’, uma estrela amarela e ramos verdes.

Publicações nas redes enganam ao afirmar que o Paraguai teria emitido um alerta sobre o risco de comprar bebidas adulteradas no Brasil. Aos Fatos verificou que a publicação que viralizou nas redes foi originalmente postada por um perfil de humor no Instagram na quarta-feira (1°). O post ironizava o fato de o Paraguai ser uma das rotas de contrabando de bebidas alcoólicas destiladas para o Brasil.

Ainda assim, Aos Fatos fez buscas por alertas semelhantes nos canais oficiais do governo do país vizinho, e não encontrou nada parecido. Foram acessados os canais oficiais do Ministério da Saúde (aqui e aqui), da Dinavisa (Direção Nacional de Vigilância Sanitária) — órgão equivalente à Anvisa no Brasil — (aqui, aqui e aqui), da representação diplomática no Brasil (veja aqui, aqui, aqui e aqui), do presidente Santiago Peña (aqui, aqui, aqui e aqui) e da presidência (aqui e aqui).

Intoxicação. O Cievs (Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) recebeu 59 notificações de casos de intoxicação por metanol presente em bebidas adulteradas até o início da tarde desta sexta-feira (3). Desse total, 53 são de São Paulo (11 confirmados e 42 em investigação), cinco em investigação em Pernambuco e um confirmado no Distrito Federal. Uma morte foi confirmada e outras sete continuam em análise.

O Ministério da Saúde instalou uma sala de situação para monitorar os casos. Na quinta (2), o ministro Alexandre Padilha anunciou a ampliação do estoque de etanol farmacêutico — usado no tratamento dos casos de intoxicação — que será usado para respostas mais rápidas diante da confirmação de novos envenenamentos.

A Polícia Civil de São Paulo analisa o possível uso de metanol na higienização das garrafas utilizadas na falsificação das bebidas em fábricas clandestinas. Já a Polícia Federal avalia o potencial envolvimento do crime organizado na adulteração dos produtos.

Sintomas e recomendações. Especialistas em toxicologia consultados pelo Aos Fatos apontaram que os sintomas de pessoas envenenadas com metanol incluem — mas não se limitam — aos sinais comuns de embriaguez, como náuseas, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça e tontura:

  • Alterações visuais: visão turva, pontos brilhantes e até mesmo cegueira;
  • Dificuldade para respirar;
  • Confusão mental;
  • Convulsões;
  • Em quadros mais graves, coma.

Como não é possível constatar a manipulação da bebida pela cor, sabor ou cheiro, a orientação é que os consumidores observem outros critérios, como preços muito abaixo dos praticados no mercado, embalagens improvisadas ou sem lacre, falta de rótulo com registro e procedência, além da compra em locais não autorizados.

Em caso de suspeita de envenenamento, a recomendação é procurar atendimento médico com urgência para diagnosticar a intoxicação o mais rápido possível e iniciar o tratamento necessário, que pode envolver o uso de antídotos, como o etanol farmacêutico ou, em casos mais graves, hemodiálise.

O caminho da apuração

Aos Fatos fez uma busca nos canais oficiais da diplomacia paraguaia no Brasil e nos perfis do presidente do Paraguai, Santiago Peña, e não encontrou publicações que notificassem sobre o risco de comprar bebidas adulteradas no Brasil.

Também acionamos por email, por telefone e por mensagem os consulados do Paraguai no Brasil, mas não obtivemos resposta até o momento da publicação. Por fim, recorremos a especialistas para contextualizar informações sobre os casos de intoxicação.

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