🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2015. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Para justificar impeachment, Aécio diz que Congresso não faz nada sem aval da população

2 de dezembro de 2015, 22h35

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta quarta-feira (2) que seu partido apoiará o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, 21 dias após declarar rompimento com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, as ações do Congresso estão em sintonia com o que quer a população.

Aos Fatos elencou uma série de propostas bem aceitas entre a população, mas rejeitadas pelo Legislativo, para mostrar que o discurso é EXAGERADO. Embora parlamentares persigam os interesses de suas bases, nem sempre o que a maioria da população quer prevalece.


EXAGERADO
Apoio a proposta de impeachment. O Congresso não faz nada que não esteja em sintonia com a população. A lei no Brasil é para ser cumprida por todos, em especial pela presidente da República.

O Congresso atua, sim, em desfavor da população — e as suspeitas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem muito a ver com a desconexão do Legislativo com alguns anseios sociais. Exemplo disso é que, segundo pesquisa Datafolha, o Congresso recebeu sua pior avaliação desde 1993. Conforme o levantamento, 53% dos brasileiros consideram o trabalho dos congressistas ruim ou péssimo. Além disso, 81% querem a saída de Cunha, enquanto 65% querem o impeachment da presidente.

O partido de Aécio, por exemplo, orientou e votou majoritariamente para derrubar a proibição ao financiamento privado de campanhas — o que,segundo pesquisa Datafolha encomendada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em julho, vai contra os anseios da população. Conforme o levantamento, 74% dos entrevistados eram contrários ao financiamento empresarial de partidos e políticos.

Em junho, o mesmo instituto verificou que dois em cada três entrevistados (66%) eram contrários ao voto obrigatório. Outros 32% eram favoráveis. Mas, na minirreforma eleitoral aprovada em setembro no Congresso, a queda da obrigatoriedade foi discutida, mas não foi aprovada.

Outro exemplo é que, em junho de 2013, quando 73% da população, também segundo o Datafolha, eram favoráveis à criação de uma Constituinte para discutir a reforma política, o Congresso recusou sua criação.

É verdade, no entanto, que há um caso célebre de obediência à maioria da opinião pública: patrocinado por Cunha, o projeto que reduz a maioridade penal para alguns crimes foi aprovado na Câmara. O PSDB de Aécio orientou pela aprovação da matéria. Segundo o Datafolha, 87% dos brasileiros são favoráveis à decisão.

Por isso, a afirmação de Aécio é EXAGERADA, dado que o Congresso não tem cumprido o papel de assumir algumas demandas sociais. Na verdade, nem há consenso se só essa é a função do Legislativo, dado que a democracia brasileira deve, constitucionalmente, resguardar garantias do pluralismo e do respeito a minorias.


LEIA TAMBÉM

Aos Fatos | Twitter | Facebook


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.