É falso que Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), disse ser possível fraudar as urnas eletrônicas para decidir o vencedor das eleições, como se alega nas redes sociais. Algumas versões da peça de desinformação (veja aqui) atribuem essa fala à delação premiada do político, mas em nenhum trecho do documento há menção às urnas. Outras (veja aqui), no entanto, apenas alegam que Palocci teria feito essa afirmação em algum momento, mas o Aos Fatos não encontrou nenhum registro semelhante na imprensa.
Versões da mesma peça de desinformação circularam nas redes sociais durante a corrida eleitoral de 2018, quando foram desmentidas pelo Aos Fatos. Neste ano, em meio a outras falsas denúncias de fraudes eleitorais, as publicações voltaram a viralizar nas redes, acumulando ao menos 2.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (24). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).
ELES CONSEGUIRAM COM O AVAL DAS URNAS FRAUDULENTAS!!!! VOCÊS ESQUECERAM QUE O PALOCCI FALOU???? ELES DECIDEM ATRAVÉS DAS URNAS FRAUDADAS, QUEM VAI GANHAR.... SIMPLES ASSIM!!!!! MAS PARECE QUE O POVO JÁ SE ESQUECEU DA DELAÇÃO DO PALOCCI!!! ELEIÇÃO NO BRASIL SÓ. MANIPULAÇÃO!!! POR ISSO NÃO QUEREM VOTO IMPRESSO!!!, PARA PODEREM ROUBAR A VONTADE!!!!
CULPA DO POVO QUE NÃO VAI ÀS RUAS EXIGIR VOTO IMPRESSO!!!
OU ALGUÉM CONFIA NESTE STE (sic) DO BARROSO E TODOS OS URUBUS DO STF???
Voltou a circular nas redes uma peça de desinformação surgida durante as eleições de 2018 que afirma que o ex-ministro Antonio Palocci teria dito que o PT conseguiu se eleger por meio de urnas eletrônicas fraudadas. Ele nunca disse que o partido fez uso de técnicas semelhantes durante os pleitos: não há nenhuma citação à palavra urna em sua delação premiada ou em entrevistas concedidas à imprensa.
Conforme pode ser verificado na íntegra do depoimento concedido por Palocci à PF (Polícia Federal) do Paraná em abril de 2018, em meio às investigações da Operação Lava Jato, em nenhum momento ele menciona fraude no sistema de votação. Também não há nada parecido com o que vem sendo compartilhado nas redes sociais nos anexos da delação premiada.
As únicas irregularidades denunciadas pelo ex-ministro em sua fala se referem à doação de empresas às campanhas. Segundo Palocci, "prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos". Doações feitas por empresas, no entanto, são proibidas desde as eleições de 2016.
O Aos Fatos também pesquisou por declarações de Palocci sobre o assunto na imprensa, mas não encontrou nenhum resultado.
A falsa denúncia voltou a circular com outras desinformações sobre fraude eleitoral no pleito deste ano. O Aos Fatos já desmentiu, por exemplo, que todas as zonas eleitorais de São Paulo tiveram o mesmo resultado e que um vídeo mostraria um passo a passo para programar a urna eletrônica para repassar votos de um candidato a outro.
A Agência Lupa e o Estadão Verifica também voltaram a desmentir a peça de desinformação recentemente.