🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Padre Fábio de Melo não escreveu que ‘armas não matam, o que mata é a ausência de amor’

Por Luiz Fernando Menezes

18 de março de 2019, 13h24

Não foi escrito pelo padre Fábio de Melo texto que circula nas redes sociais que atribui à "ausência de amor" o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), que deixou dez mortos na semana passada. A mensagem minimiza a importância das armas de fogo no ataque a tiros ao dizer que "armas não matam, o que mata é ausência de amor". No Twitter, o religioso negou a autoria do texto.

A falsa atribuição tem sido compartilhada em forma de corrente no WhatsApp e foi denunciada ao Aos Fatos por leitores no aplicativo de mensagens (no Facebook também foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

Padre Fábio de Melo: Cansado e perplexo com tantas baboseiras e falsas justificativas pras atrocidades que ainda nos surpreendem todos os dias (...)

Fábio de Melo negou a autoria do texto em seu perfil pessoal no Twitter na última sexta-feira (15): “O texto que está viralizando sobre o atentado em Suzano, cujo título é 'O melhor texto que já li sobre o acontecimento de ontem' não foi escrito por mim”.

O padre ainda reproduziu o texto que, de fato, escreveu sobre o massacre:

A tragédia em Suzano não só nos entristece. Ela expõe a nossa vulnerabilidade social. Foi o tempo em que só temíamos os bandidos. Hoje, uma dor emocional não curada, pode levar um adolescente a se tornar um assassino.

A violência é o desdobramento de carências afetivas, da necessidade de ser visto e notado, ainda que da pior maneira.

Os distúrbios emocionais nem sempre são percebidos e considerados pelos que formam a nossa ambiência afetiva. Não é incomum encontrar adolescentes reféns de seus traumas e completamente desamparados. Colocar um filho no mundo requer disposição de lidar com ele. Só a proximidade nos faz perceber as necessidades e conflitos do outro. É justamente na construção da intimidade que erramos. Laços familiares se limitam a ser parentescos, o que não quer dizer absolutamente nada. O que nos vincula não é a obrigação, mas o amor.

O desamparo emocional alimenta uma desolação silenciosa. A partir dela a pessoa passa a nutrir o ódio pelos que estão felizes.

Pe. Fábio de Melo

Esta não é a primeira vez que um texto é atribuído ao padre Fábio de Melo. Nas eleições do ano passado, uma montagem sugeria que o religioso teria publicado no Facebook um texto em que traçava comentários contrários aos LGBTs e defendia a candidatura de Bolsonaro.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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