Os Brasis de 2011 a 2015, segundo Dilma

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Pelo segundo ano seguido, a presidente Dilma Rousseff optou por não fazer seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV pela comemoração do Dia da Independência. Na mais profunda crise de popularidade desde que assumiu o posto, em 2011, preferiu divulgar sua mensagem pelas redes sociais, num tom um tanto diferente daquele visto em 2013. Se, no passado, preferia responder a críticas, mandar recados e ser mais assertiva, 2015 foi o ano em que Dilma ficou na defensiva.

O quadro social àquela época não era tão diferente do atual — o governo patinava em tentar dar respostas às manifestações de junho. A economia, entretanto, ainda dava sinais de que o discurso do governo, de que tudo estava bem, menos o mundo lá fora, era digno de nota. Aos Fatos produziu várias nuvens de palavras em parceria com o Volt Data Lab que dão conta de mostrar a diferença nos cenários.

Veja, abaixo, infográficos com as palavras mais citadas por Dilma em seus pronunciamentos de Sete de Setembro de 2015, 2013, 2012 e 2011, respectivamente. E como palavras ligadas a ideias positivas, como “melhor”, “crescer” e “grande” foram substituídas por noções de “dificuldade”, “momento” e “desafio”.

2015

2013

2012

2011

É claro que as falas da presidente têm de ser colocadas em perspectiva. Mas isso é fácil. Extrato do início de seu pronunciamento daquele ano já revela o abismo entre aquele momento e hoje:

2013 tem sido um ano de intensos desafios políticos e econômicos aqui e no resto do mundo. Apesar da delicada conjuntura internacional, nossa economia continua firme e superando desafios. Acabamos de dar uma prova contundente. No segundo trimestre fomos uma das economias que mais cresceu no mundo. Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados Unidos e a Alemanha.

A fórmula do discurso de 2013 era enumerar projetos do governo, que dariam o tom da campanha no ano seguinte. A proposta defendida pelo Planalto era criar fatos: anunciar uma série de investimentos, para dar ideia de que o governo respondia às demandas da época. Os cinco pactos anunciados pela presidente em resposta às ruas, com ênfase ao Mais Médicos, foram as vedetes de seu pronunciamento.

O modelo se esgotou. Paralisados por restrições orçamentárias e auditorias, vários dos programas exaltados naquele discurso desapareceram da mensagem de Sete de Setembro. Na verdade, em 2015, o único programa citado foi o Pronatec, de ensino técnico. Comemorou-se, ainda, a retirada de "milhões de pessoas da miséria" — feito esse que Aos Fatos já tinha provado ser de sucesso relativo.

Se compararmos a fala deste ano com a de 2012, a discrepância fica ainda maior: na época, Dilma anunciava redução em 16,2% das tarifas de energia elétrica para residências, programa que virou um dos símbolos do descontrole de gastos e da inflação. Também dava detalhes do programa de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, que o governo tentareciclar com nova embalagem (veja nuvem de palavras abaixo).

Em 2011, quando de sua primeira fala como presidente da República no Dia da Independência, enumerou as primeiras realizações de sua gestão: criação do Pronatec, do Brasil Sem Miséria, do Rede Cegonha, além de reforço no ProUni e no Minha Casa, Minha Vida. Dizia Dilma:

Aqui, o emprego e a renda batem recordes históricos. Nossas reservas internacionais estão mais sólidas do que nunca. O crédito continua crescendo e a inflação está sob controle. Os juros voltaram a baixar e a estabilidade da economia está garantida. Ou seja, por mérito exclusivo do povo brasileiro, o nosso país tem melhorado, enquanto boa parte do mundo desenvolvido, infelizmente, piora.

A mudança de tom para este ano vem num momento em que a presidente é pressionada a assumir erros cometidos no passado e fazer um chamado à conciliação. Dilma defendeu "remédio amargo" como solução à crise, mas não defendeu diretamente medidas específicas do ajuste fiscal, posto em xeque dentro do Palácio do Planalto por seus próprios assessores. Pediu ainda zelo pela "democracia e a adoção do voto popular como método único e legítimo de eleger nossos governantes e representantes", em referência a movimentações de oposição que pregam seu afastamento. Veja o pronunciamento de Dilma deste ano:

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