🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Os 7,2 milhões de votos nulos não significam que houve fraude nas urnas

11 de outubro de 2018, 15h04

Não é verdade que 7,2 milhões de votos foram anulados pelas urnas eletrônicas por fraudes, como afirma uma corrente que circula no WhatsApp. O texto engana ainda ao dizer que voto nulo só é possível em cédulas de papel e que faltaram dois milhões de votos para o candidato Jair Bolsonaro (PSL) se eleger em primeiro turno. As informações são falsas, como verificou o Comprova - coalizão de 24 veículos de imprensa brasileiros para combater a desinformação nas redes sociais. Aos Fatos é parceiro institucional da iniciativa.

Os votos foram anulados por iniciativa dos eleitores e não há provas de que as urnas eletrônicas tenham sido fraudadas. O voto nulo sempre esteve previsto no sistema de votação eletrônica e ocorre quando o eleitor aperta o botão "confirma" após digitar números que não correspondem aos de nenhuma candidatura. Já a margem para vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de 4,24 milhões de votos e não dois milhões, como afirma o texto.

A corrente também foi sugerida por uma dezena de leitores do Aos Fatos pelo WhatsApp. Para se inscrever, adicione o número (21) 99747-2441 na sua lista de contatos e envie uma mensagem com o seu nome.


FALSO

TSE informa: 7,2 milhões de votos anulados pelas urnas! A diferença de votos que levaria à vitória de Bolsonaro no primeiro turno foi de menos de 2 milhões. O TSE tem obrigação de esclarecer os motivos que levaram à anulação de mais de 7,2 milhões de votos que representam 6,2% do total. A anulação só pode acontecer em voto de papel, porque permite rasuras ou ambiguidade.

Os 7,2 milhões de votos nulos contabilizados nas eleições 2018 não são resultado de mau funcionamento ou fraude nas urnas eletrônicas, ao contrário do que afirma uma corrente que viralizou no WhatsApp. Esses votos foram anulados pelos próprios eleitores, que digitaram um número inexistente para o cargo — por exemplo, se o cidadão colocar o número “99” ou “00” no momento de votar para presidente. No primeiro turno, os votos nulos representaram 6,2% do total.

O voto também pode ser anulado se o eleitor digitar um número errado na urna, por exemplo de um partido que não está disputando determinado cargo em um estado. Como mostrou outra verificação do Comprova, eleitores se confundiram ao votar em Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro – digitaram 17 ao votar para governador, mas o PSL não disputou esse cargo no Estado. Se eles tivessem apertado o botão confirma, teriam anulado o voto.

O texto enganoso afirma também que a anulação só é possível em votos em papel, o que não é verdade. Como explicado acima, quando o eleitor digita um número errado e aperta confirma, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabiliza como voto nulo.

Mais uma informação errada no texto que tem circulado é que o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, poderia ter sido eleito no primeiro turno se tivesse recebido 2 milhões de votos a mais. Para que isso ocorresse, ele deveria ter conquistado 50% dos votos válidos mais um voto. Como foram contabilizados 107.050.673 de votos válidos, uma vitória no primeiro turno seria atingida com 53.525.337 votos. O capitão teve 49.276.990, ou 46,03% dos votos válidos — 4.248.346 a menos que o necessário.

O conteúdo enganoso circulou pelo Facebook, em páginas como Revista FisioBrasil, e foi recebido no WhatsApp do Aos Fatos, do Comprova e do Estadão. O Boatos.org também publicou uma checagem sobre o assunto.


Aos Fatos é parceiro institucional do Comprova. Por meio dessa parceria, reproduz gratuitamente o conteúdo gerado pelo consórcio e presta consultoria sem contrapartida sobre tecnologia em checagem de fatos. A iniciativa é uma coalizão de 24 veículos de imprensa cujo objetivo é combater a desinformação durante as eleições presidenciais.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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