🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que OMS se desculpou por não recomendar hidroxicloroquina e azitromicina contra Covid-19

Por Luiz Fernando Menezes

15 de fevereiro de 2022, 17h40

Publicações nas redes sociais enganam ao alegar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) pediu desculpas por não ter recomendado o uso de hidroxicloroquina e azitromicina em pacientes com Covid-19 (veja aqui). A entidade não se posicionou desta maneira nem lista esses remédios entre os tratamentos que considera válidos contra a doença.

A informação falsa foi veiculada primeiro em um vídeo de 2020 do programa Alerta Amazonas, e agora voltou a circular fora de contexto. O conteúdo enganoso reunia ao menos 31 mil compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (15).


Selo falso

Programa Alerta Amazonas com alegação falsa sobre OMS

Não é verdade que a OMS (Organização Mundial de Saúde) se desculpou publicamente por não ter recomendado hidroxicloroquina e azitromicina no tratamento da Covid-19. Aos Fatos não localizou posicionamentos da entidade com esse teor.

A OMS atualmente não indica hidroxicloroquina ou azitromicina para prevenir ou tratar a doença. As drogas não estão listadas no documento de orientação terapêutica da entidade.

O vídeo compartilhado é um trecho do programa Alerta Amazonas, da TV A Crítica, apresentado por Sikêra Júnior, em 10 de junho de 2020, e disseminado na época pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Twitter.

A alegação distorce uma afirmação que havia sido feita cinco dias antes pelo diretor-executivo do Programa de Emergências da OMS, Mike Ryan. Ele pediu desculpas aos jornalistas por eventuais mensagens contraditórias dos cientistas.

Na época, o periódico científico The Lancet havia publicado uma análise que comparava a situação dos que haviam sido tratados com cloroquina ou hidroxicloroquina com os não medicados e concluiu que o uso dos medicamentos não influenciou no estado de saúde dos enfermos. Após a publicação, a comunidade científica observou inconsistências no estudo que geraram questionamentos sobre sua confiabilidade.

Em entrevista concedida no dia 5 de junho de 2020, Mike Ryan foi questionado sobre o que a OMS teria a dizer para as pessoas que se sentiam confusas com o vaivém das descobertas científicas sobre, por exemplo, a eficácia da hidroxicloroquina. Ele respondeu que a comunidade científica pede desculpas e segue dedicada em fazer estudos seguros.

“Isso é fazer a coisa certa. Eu sei que isso às vezes pode dar a impressão de que a comunidade científica está confusa ou dando mensagens contraditórias e por isso nós todos pedimos desculpas coletivamente a todos vocês, mas devemos seguir a ciência, devemos seguir as evidências e estamos absolutamente dedicados a garantir que as pessoas que entram em ensaios clínicos estão entrando em ensaios seguros, que são planejados com seu benefício em mente, e que quaisquer sinais relacionados à falta de eficácia de um medicamento ou segurança de um medicamento serão monitorados cuidadosamente para que os pacientes sejam protegidos no processo.”

Embora a OMS não tenha pedido desculpas por não recomendar a hidroxicloroquina ou a azitromicina, postagens nas redes sociais com essa alegação foram checadas por Aos Fatos em agosto de 2020.

Procurado, Sikêra Júnior não respondeu até a publicação desta checagem.

Referências:

1. OMS (Fontes 1, 2 e 3)
2. Aos Fatos (Fontes 1 e 2)


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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