O que é o HMPV, vírus responsável por alta de infecções na China

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O aumento de casos de metapneumovírus (HMPV) no norte da China tem alimentado uma onda de pânico e desinformação nas redes sociais no início deste ano. Usuários temem que a doença possa se tornar uma nova pandemia, mas autoridades chinesas descartam a possibilidade.

Diferentemente da Covid-19 no início da pandemia, o HMPV não é um vírus desconhecido: foi descoberto em 2001 e é conhecido por causar infecções respiratórias leves, podendo evoluir para quadros de pneumonia ou bronquite em crianças pequenas, idosos ou em pessoas com sistema imunológico comprometido.

Além disso, a alta de infecções pelo vírus na China ocorre em uma época em que é esperado aumento de doenças respiratórias, devido à chegada do inverno na região. Segundo autoridades locais, a disseminação de patógenos este ano está mais baixa em comparação com a última temporada, porém a taxa de infecções pelo HMPV entre crianças de até 14 anos tem sido mais alta que o normal.

A seguir, Aos Fatos explica as dúvidas mais frequentes sobre o tema:

  1. Quais são os principais sintomas da doença?
  2. Como o vírus é transmitido?
  3. Como prevenir e tratar a doença?
  4. Como a doença surgiu e qual a situação atual?
  5. Qual a diferença entre o HMPV e o coronavírus?

1. Quais são os principais sintomas da doença?

De acordo com o CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), os sintomas associados ao HMPV incluem tosse, febre, congestão nasal e, em casos mais graves, falta de ar, assim como acontece com outros vírus que causam infecções respiratórias.

A doença pode acometer pessoas de todas as idades, mas é mais comum entre crianças pequenas, idosos e pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos. Nesses casos e sem o devido tratamento, a doença pode evoluir para uma bronquiolite ou pneumonia, mas é raro.

“Números de doenças mais graves são muito baixos associados a essa infecção”, afirma a virologista Betânia Paiva Drumond, professora da UFMG e atual presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia).

Segundo a Associação Americana dos Pulmões, a maioria das pessoas com sintomas leves de HMPV pode ser tratada em casa, pois a doença deve desaparecer por si só. No entanto, em caso de falta de ar, tosse grave ou chiado, um médico deve ser consultado.

2. Como o vírus é transmitido?

Ilustração mostra pessoas tossindo (Crédito: Méuri Elle/Aos Fatos)

O HMPV é transmitido de uma pessoa infectada para outra, por meio de secreções de tosse e espirros, contato pessoal próximo ou com objetos e superfícies que contenham vírus.

A doença tem maior incidência durante o inverno em países mais frios — o que explica a alta de casos no norte da China este ano.

3. Como prevenir e tratar a doença?

A melhor maneira de se prevenir é evitar contato com pessoas doentes, não tocar em superfícies possivelmente infectadas e lavar as mãos frequentemente, especialmente antes de tocar nos olhos ou face, segundo guia do CDC.

Para pacientes já infectados, a recomendação é ficar em casa, além de cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar e evitar compartilhar objetos pessoais, podendo também utilizar máscaras.

“É a mesma prevenção para qualquer outra infecção causada por um patógeno de transmissão respiratória”, resume a presidente da SBV.

Na maioria dos casos, repouso e hidratação são suficientes para combater a doença. Dessa forma, o tratamento médico é voltado principalmente para aliviar os sintomas com antitérmicos para combate à febre, analgésicos para a dor e descongestionantes para a coriza.

Pacientes com tosse mais grave podem precisar de um inalador temporário. Em casos raros, os pacientes podem necessitar de internação e respiradores mecânicos.

Não existe vacina ou medicamento antiviral específico para o HMPV, mas autoridades chinesas recomendaram que a população se vacine contra a gripe para evitar o agravamento de quadros da doença por dupla infecção.

4. Como a doença surgiu e qual a situação atual?

O HMPV pertence à família do vírus sincicial respiratório (RSV) e foi descoberto em 2001 na Holanda. Desde então, infecções pela doença já foram registradas em diferentes países, como Estados Unidos, Inglaterra, França e Chile.

No Brasil, o primeiro caso foi registrado em 2004, em Sergipe. “Os boletins do Ministério da Saúde mostram que esse vírus é encontrado em todo o país infectando pessoas em todas as faixas etárias e durante todo o ano, embora haja aumento de transmissão na época do inverno”, explica Drumond.

Na última semana de 2024, cerca de 7% dos casos de síndromes gripais investigados no país foram causados pelo HMPV, segundo boletim do Ministério da Saúde. A pasta afirmou nesta terça-feira (7) que está monitorando o surto na China e incentivou a vacinação contra gripe e Covid-19 e uso de máscaras por pessoas com sintomas gripais.

Casos da doença são frequentemente registrados na China durante o inverno e início da primavera, mas estão acima da média neste início de ano, embora outras infecções respiratórias tenham diminuído.

Sem especificar dados sobre o número de infectados, o centro de controle de doenças do país alertou a população para tomar medidas de prevenção contra o vírus, mas desmentiu alegações sobre hospitais superlotados e risco de epidemia.

Até o momento, o governo chinês não reportou nenhuma morte causada pelo vírus nesta temporada. O aumento de casos de HMPV também foi reportado na Índia e na Inglaterra, mas autoridades descartaram emergência.

Rumores sobre riscos associados ao HMPV também foram descartados por autoridades chinesas em meados de 2023, quando foi registrado um aumento de casos da doença nos Estados Unidos.

5. Quais as diferenças entre o HMPV e a covid-19?

O metapneumovírus humano tem sido comparado ao coronavírus nas redes sociais por também causar sintomas gripais e ter uma alta de casos na China. Contudo, ele representa um risco menor por já ser conhecido e ter menos casos graves associados.

“Muitas pessoas já tiveram contato com esse vírus e já tem imunidade contra ele”, explica a presidente da SBV. “É importante ter os estudos para acompanhar a curva de casos, e como vão ser os casos graves associados, mas a gente não tem motivo para alarde nesse momento.”

O caminho da apuração

Aos Fatos apurou informações sobre o vírus HMPV junto ao CDC e outros centros de referência em controle de doenças no mundo. Consultamos também comunicados oficiais de autoridades chinesas sobre o atual estado da doença no país e recomendações de prevenção e tratamento.

Por fim, entrevistamos a presidente da Sociedade Brasileira de Virologia para tirar dúvidas sobre o vírus.

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