🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Nem democratas nem imprensa interromperam contagem de votos nos EUA

Por Luiz Fernando Menezes e Ana Rita Cunha

5 de novembro de 2020, 16h06

É falsa a informação de que o Partido Democrata e a imprensa teriam interrompido a contagem de votos da eleição americana na Pensilvânia e em outros quatro estados para favorecer o candidato Joe Biden, como se alega nas redes sociais (veja aqui). A imprensa e os partidos não têm poder para definir as regras nem o ritmo das apurações. No caso dos partidos, os candidatos podem ir à Justiça contra alguma etapa. Até o momento, foi o presidente Donald Trump – e não o democrata – quem entrou com ações em três estados (Pensilvânia, Geórgia e Michigan) pedindo interrupção da contagem dos votos.

Publicações com a informação enganosa acumulavam mais de 2.500 compartilhamentos e foram marcadas pelo Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação (entenda como funciona).


FALSO

PARTIDO DEMOCRATA E IMPRENSA INTERROMPERAM CONTAGEM DE VOTOS NO MOMENTO QUE TRUMP VIROU O PLACAR E IRIA COMEMORAR A VITÓRIA. TRUMP ESTÁ VENCENDO NA PENSILVÂNIA E MAIS 4 ESTADOS CHAVES. BLOQUEARAM CONTAGEM PARA EVITAR DERROTA DO BIDEN. TRUMP FEZ MAIORIA NA CÂMARA E SENADO.

Diferentemente do que sugerem publicações que circulam nas redes sociais, é falso que a contagem de votos das eleições americanas foi interrompida por decisão do Partido Democrata e da imprensa. A imprensa apenas divulga os resultados coletados nas comissões eleitorais locais. Nem os veículos de comunicação nem os partidos têm nenhum poder para definir as regras e o ritmo das contagens dos votos.

No caso dos partidos, os candidatos podem entrar na Justiça contra alguma etapa. Até o momento, foi o presidente Donald Trump – e não o candidato democrata – quem entrou com ações em três estados (Pensilvânia, Geórgia e Michigan) pedindo interrupção da contagem dos votos.

Nos Estados Unidos, não existe nenhuma lei federal que obrigue a apuração ininterrupta dos votos. Cada estado define as regras que regulamentam o processo eleitoral, incluindo o de apuração. Assim, nada impede que os oficiais eleitorais decretem uma paralisação durante a noite e continuem a contagem no dia seguinte, como ocorreu em Nevada e na Geórgia, por exemplo.

Na Pensilvânia, algumas regiões do estado, como o condado de Allegheny, de fato pausaram a contagem durante a noite e a retomaram na manhã seguinte. Outras regiões, como Filadélfia e Montgomery, no entanto, continuaram a contabilizar os votos durante a madrugada.

O prazo para terminar a apuração também varia entre os estados. Seis estados preveem contar os votos até dia 10 de novembro, outros 40 têm prazo entre 10 de novembro e 11 de dezembro. Quatro estados nem sequer têm um prazo estabelecido para concluir a contagem.

Em nenhuma eleição americana os votos foram calculados no mesmo dia do pleito. Nesta eleição, um fator que contribui para a lentidão na apuração é a votação recorde pelos correios, por conta da pandemia do novo coronavírus. Foram 65,3 milhões de votos pelo correio, três vezes mais do que nas eleições de 2016. A Comissão Eleitoral da Pensilvânia, por exemplo, já havia alertado que não conseguiria divulgar resultados no dia da eleição devido à grande adesão de eleitores e ao recorde de votos por correio. Além disso, o estado é um dos que está aceitando votos que foram postados no dia das eleições (3), mas chegarão depois.

Outra informação falsa é que a interrupção da contagem dos votos estaria relacionado à liderança de Trump. Oscilações na liderança durante a apuração são normais. Na noite de terça-feira (3), Trump realmente estava liderando a votação no estado da Pensilvânia desde quando 20% dos votos estavam apurados. Naquele momento, no entanto, havia pouco votos apurados em redutos democratas como Filadélfia, os subúrbios da Filadélfia e Pittsburgh, em que houve mais envio de votos por correio. Até a última atualização, no final da tarde desta quinta-feira (5), quando 92% dos votos tinham sido computados, o republicano estava com 50,3% dos votos, contra 48,5% de Biden.

Além disso, em alguns estados em que houve virada na corrida eleitoral, não foi registrada nenhuma interrupção na contagem dos votos, como é o caso de Wisconsin e Michigan. Nos dois estados, até a última atualização, foram apurados 98% do votos, e Biden lidera.

Maioria. Até o momento da publicação desta checagem, a imprensa internacional ainda não havia consolidado a maioria de nenhum dos partidos no Senado nem na Câmara dos Deputados. Na primeira Casa, a AP indicava que os republicanos teriam conseguido 18 cadeiras, completando assim 48. Cinco estados, no entanto, ainda estão com a votação em aberto e indicam liderança do candidato republicano. Para se ter maioria, é necessário chegar a 51.

Já na Câmara dos Deputados, quem está mais próximo de compor a maioria são os Democratas. Segundo a AP, eles teriam garantido 208 cadeiras, contra 190 do Partido Republicano. Das 435 vagas, a agência considera ainda que 37 estão em disputa.

A Agência Lupa e o Estadão Verifica também desmentiram a peça de desinformação.

Referências:

1. Associated Press 1 e 2
2. CNN
3. Twitter
4. Buzzfeed
5. Ballotpedia
6. New York Times 1, 2 e 3
7. G1
8. Elect Project
9. Inquirer
10. Politifact


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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