Não há registros de filmagens de Kamala Harris em festas de Diddy

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Não há evidências de que o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, tenha apreendido gravações de Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca, durante as festas produzidas pelo rapper e empresário Diddy, preso desde setembro. Aos Fatos não encontrou registros do suposto ocorrido na imprensa, no site do FBI, ou nos processos associados ao caso.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam cerca de 5.000 visualizações do Telegram até a tarde desta segunda-feira (4).

FBI apreende fitas de chantagem de Diddy com Kamala Harris e J.Lo 📼 Gravações recentemente apreendidas do infame Freak Offs de Sean "Diddy" Combs contêm revelações sobre 🕺 Jennifer Lopez e 🇺🇸 Kamala Harris que abalarão os alicerces do establishment político em Washington, DC, e causarão impacto no mundo todo

Não há evidências de que o FBI apreendeu gravações feitas por Diddy com supostas revelações sobre Kamala Harris

Publicações enganosas nas redes afirmam que o FBI teria apreendido gravações das festas promovidas pelo rapper Diddy, preso em 16 de setembro por acusações de tráfico sexual, extorsão e transporte para fins de prostituição. Segundo as postagens, as filmagens contêm "revelações sexuais” sobre Kamala Harris que eram utilizadas como chantagem contra a candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos.

No entanto, não há evidências que confirmem a alegação. Não existem informes sobre as supostas gravações na imprensa ou no site do FBI, e Diddy não fez declarações similares em suas aparições diante da corte. Também não há citações ao nome de Kamala nos processos associados ao caso.

Além disso, não existem imagens ou quaisquer registros públicos comprovando que a democrata tenha frequentado alguma das festas produzidas pelo rapper. Pelo contrário: a vice-presidente foi vítima de montagens desinformativas que substituem o rosto de seu ex-namorado pelo de Diddy.

As peças falsas foram compartilhadas até mesmo pelo ex-presidente Donald Trump, candidato republicano, para acusar a adversária de envolvimento com o rapper — mas ele próprio já frequentou eventos promovidos por Diddy.

As publicações compartilham um vídeo do site The People’s Voice. Em 2018, uma análise do Instituto Poynter identificou que o veículo havia publicado ao menos 80 matérias desinformativas nos dois anos anteriores. O site francês Conspiracy Watch, especializado em combater teorias conspiratórias, também classificou o portal como desinformativo.

No vídeo, a suposta evidência apresentada é um áudio atribuído a uma pessoa identificada como integrante do círculo de Diddy em Los Angeles. A mensagem de voz tem indícios de ter sido gerada com uso de inteligência artificial, como o tom robótico e as pausas irregulares.

Aos Fatos recorreu à ferramenta de detecção de deepfakes Detect True Media, que encontrou evidências substanciais de manipulação por inteligência artificial no áudio.

Esta não é a primeira vez que peças desinformativas tentam vincular Kamala a indivíduos envolvidos em crimes sexuais. Além das publicações que tentam associar a candidata democrata ao rapper Diddy, Aos Fatos já desmentiu uma montagem utilizada para alegar que ela seria próxima de Jeffrey Epstein, empresário acusado de tráfico sexual e morto em 2019.

O caminho da apuração

Aos Fatos buscou informações na imprensa e no site do FBI sobre as supostas gravações de Kamala Harris frequentando as festas de Diddy, mas não encontrou registros nesse sentido. Também buscamos informações sobre a fonte da alegação, o site The People’s Voice.

Além disso, utilizamos a ferramenta Detect True Media, que apontou indícios de manipulação no conteúdo compartilhado pelas peças.

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